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Na manhã do último domingo (11), um debate emocionante tomou conta das redes. Nó Festival de Gramado
a atriz de 74 anos
Cristiane Pereira
relatou, pela primeira vez, o estupro
de que foi vítima aos 12 anos, enquanto frequentava a escola.
A reportagem surgiu em meio a debate sobre o filme
O Clube das Mulheres de Negócios
com lançamento previsto para novembro, da diretora Anna Muylaert e do qual Cristina faz parte do elenco. No filme, o personagem Candinho também é vítima de violência sexual e a atriz trouxe à tona o reconhecimento da sua própria história com a dele.
“Quando o Candinho chora, quem chora sou eu, quem chora é você e tem muitas meninas de 12 anos como aquela menininha, que ia para a escola, de uniforme”, diz ela, já aos prantos. Cristina lembra que, na escola do convento onde estudou, não havia preocupação com a sua situação. “Cheguei na escola com o uniforme aberto e ninguém se preocupou, só queriam saber porque cheguei atrasado”
explica.
Além disso, ela ressalta como, na época, houve um silenciamento das pessoas ao seu redor e que a própria mãe a aconselhou a não contar nada a ninguém para não expor a menina. “É uma coisa horrível, mas acontece muito. Minha história é pequena no meio de muita coisa. Eu ainda tinha minha família, estudava em uma escola católica de classe média. Ninguém veio perguntar. Qualquer adulto pode descobrir se uma criança sofreu violência, mas a pessoa finge que não viu.”
Enquanto ia para a escola, lembrando-se do conteúdo de uma prova de francês, ela conta que um homem a interceptou na rua, dizendo que precisava entregar uma carta na escola da menina. Cristina lembra que, na época, não sabia o que havia acontecido.
“E eu estava com medo de engravidar. Minha mãe estava em uma situação terrível. Eu era uma menina de 12 anos, entrando na puberdade, nem menstruava. Eu não sabia nada sobre sexo, não sabia o que aquele homem tinha feito comigo
”, relata, lembrando a importância da educação sexual na escola.
“Esta é a primeira vez que digo isso publicamente. Isso aconteceu comigo. Está acontecendo agora com muitas garotas. Porque na minha época não havia educação sexual na escola, que esses desgraçados, gado, Bíblia e balas não querem que as crianças saibam”, afirma.
No vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, a atriz aparece contando sua história, visivelmente emocionada, enquanto sua co-estrela,
Kátia Canoro
chora o tempo todo. A diretora do filme, Anna Muylaert, no início da história de Cristina, a abraçou e, mesmo depois da emoção que tomou conta de todos os presentes, a discussão continuou e Cristina decidiu permanecer na conversa.
Neste outro texto aqui
explicamos o que fazer e como pedir ajuda em caso de violência sexual.