Um dos princípios do SUS, a equidade, estabelece que o Estado deve oferecer mais a quem mais precisa. Partindo desse princípio, o Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007, estruturou uma política intersetorial articulando os Ministérios da Saúde e da Educação, com o objetivo de promover a qualidade de vida dos estudantes da rede pública por meio de ações preventivas e de atenção à saúde nas escolas. . Esse continua sendo o caminho para a adoção de práticas de autocuidado, desde a primeira infância até os últimos anos da vida escolar.
A política de autocuidado já havia sido idealizada em 1918 pela doutora em educação e professora da Universidade Estadual de Campinas, Heloísa Helena Rocha, que, junto com o Instituto de Higiene de São Paulo, lançou um modelo de Educação em Saúde voltado para incutir hábitos saudáveis hábitos desde a infância. educação infantil, com práticas voltadas para disciplinar as crianças em relação à saúde. Para atingir esse objetivo, as escolas foram incentivadas a promover campanhas informativas de combate às endemias e epidemias, além de divulgar, principalmente, meios de prevenção de doenças e promoção da saúde. Contudo, esta tentativa de criação de uma política de atenção escolar não atingiu os seus objetivos. Entre os motivos destacam-se a falta de gestão intersetorial e a falta de coordenação entre sistemas e serviços. Para superar essa fragmentação nas políticas públicas, foi criado o PSE, formando uma rede de apoio que ajuda os alunos a compreender suas transformações e a se desenvolverem de forma saudável.
Historicamente, a prática da intersetorialidade não existe no Estado brasileiro, e o cidadão não é atendido em sua totalidade, o que prejudica os estudantes e a efetiva execução das atividades do Programa Saúde na Escola. Diante disso, há uma necessidade contínua de implementação de Políticas Públicas de Nova Geração, bem como da adoção de uma figura na comunidade escolar que articule a abordagem da família à escola, estabelecendo um vínculo de confiança. Este valor, juntamente com os adequados equipamentos de assistência social e de saúde, deverão evidenciar as necessidades legais das famílias, mantendo as crianças na escola e incentivando estes alunos a terem equidade tanto na aprendizagem como na sua vida social.
No município de Araraquara, interior de São Paulo, existe um exemplo bem-sucedido de intersetorialidade para além do PSE: o Programa Território em Rede. Este programa visa integrar equipamentos públicos locais para coordenar as políticas públicas nas regiões atendidas, garantindo proteção integral às famílias. O programa ganhou grande impulso com a implementação do Programa Comunidades Educativas, que criou a figura do coordenador comunitário. Esse coordenador é um funcionário da escola que visita periodicamente os familiares dos alunos, coleta informações e informa os gestores e docentes de cada unidade escolar. Os casos mais graves são discutidos nos Territórios da Rede, que funcionam de forma semelhante aos conselhos territoriais integrados, monitorando cada aluno por meio de indicadores como tempo dedicado aos estudos, nível de escolaridade familiar e interação com a família e saúde, entre outros.
Em Contagem (MG), as Comunidades Educadoras foram listadas pela ONU como uma das 16 experiências educacionais de maior sucesso no mundo. O coordenador comunitário desempenha um papel semelhante ao de um agente de saúde, sendo o eixo de articulação entre educação, saúde e assistência, complementando assim as atividades do PSE.
O Programa Comunidades Educadoras, que cria conselhos territoriais integrados e fortalece a intersetorialidade, foi transformado em Lei Municipal em Suzano, município do Alto Tietê, próximo à capital paulista, e atualmente está em execução em seis municípios do Rio Grande do Norte, no parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer. A equidade em saúde propõe o respeito às necessidades, diversidades e especificidades de cada cidadão ou grupo social, permitindo a busca de estratégias de intervenção adequadas para mitigar os efeitos nocivos à saúde, começando pelo PSE e passando pelas políticas públicas de Nova Geração.
Por sua vez, essas políticas exigem um foco no ser humano e nas relações sociais que estabelecem, obrigando os órgãos governamentais a gerirem com base na demanda social, com escuta e diálogo. Esta escuta deve ser analisada de forma integrada pelos diversos equipamentos de política social instalados em cada território municipal.
Dados os debates em curso durante as eleições autárquicas deste ano, esta abordagem inovadora poderá ser o foco de preocupações dos candidatos a Presidente da Câmara e às Câmaras Municipais.