Assim que foi criado, em 2002, o Saia justa
nasceu como um programa disruptivo para a televisão brasileira. Não poderia ser de outra forma: no famoso sofá,
Fernanda Jovem
, Rita Lee
, Marisa Orth
e a âncora Mônica Waldvogel
elas navegaram por diversos temas, como ciúmes, crises pessoais, liberdade feminina, maternidade, guerra às drogas, liberdade sexual e até vício em celular – sim, isso foi em 2002. Em um dos momentos icônicos, Mônica lê uma carta de um espectador que critica o “sem vergonha”
dos apresentadores. Rita, sem dizer nada, levanta-se e vira-se lentamente. Seus companheiros logo perceberam o que estava por vir. . “Gerald Thomas foi processado por isso”
alertou Marisa Orth. Então, Rita abaixa as calças e mostra a bunda. A seção, como era de se esperar, foi cortada.
De lá para cá, 22 anos se passaram e o programa continua sendo uma das principais audiências do canal
gnt
sempre atento aos debates e tendências atuais. Fernanda Jovem (1970- 2019)
e Rita Lee (1947-2023) não estão mais entre nós e deixaram o Brasil com saudades do trabalho, da forma de pensar e do carisma. O Saia justa
se reinventou de diversas maneiras e trouxe novos anfitriões: lá, figuras como Marina Lima, Márcia Tiburi, Betty Lago, Ana Carolina, Maitê Proença, Luana Piovani, Camila Morgado, Maria Fernanda Cândido, Teté Ribeiro, Barbara Gancia, Mônica Martelli, Fernanda Gentil, Taís Araújo, Sabrina Sato, Pitty, Gabriela Prioli, Larissa Luz, entre muitos outros. Um dos nomes que marcaram o programa foi Astrid Fontenelle
que permaneceu na bancada por 10 anos até ser substituída por uma nova âncora: Eliane
.
Em junho passado, muito se falou sobre o destino do ex-apresentador de TV. SBT
que passou pela Record, e sua chegada ao Rede Globo
. Um dos passos deste caminho que culminaria num programa próprio foi a sua participação no Saia justa
que estreou sua nova temporada na última quarta-feira (7), às 22h30 no gnt
. Para impulsionar a nova leva de apresentadores, o primeiro episódio foi aberto para não assinantes. Uma das principais mudanças é que a atração será um programa gravado, e não mais ao vivo. Ao lado de Eliana está o chef Bela Gil
que participa desde 2023; Rita Batista
apresentador de
Está em casa
e que tem histórico como repórter desde 2016; e a diversão Tati Machado
comentarista de entretenimento no programa
Encontro com Patrícia Poeta
na Globo, e que venceu a última edição do
Dança
de celebridades
.
A mudança mais significativa, porém, está na linha editorial do programa, que abordará temas mais leves e descontraídos. Voltada ao público feminino 40+, a intenção é que a atração proporcione um espaço de relaxamento para as mulheres após um dia agitado. “É a mesma velha Saia que o nosso público segue, só que renovada, onde renovamos esse compromisso com a leveza, com esse lugar seguro para conversas agradáveis, leves, mas relevantes”
explica Patrícia Koslinski
Chefe de Conteúdo de Variedades da Globo em entrevista coletiva.
“ Vamos até comentar a novela, de alguma forma, também nas redes sociais. Você verá uma equipe mais tranquila porque não queremos acertar tudo e também não queremos concluir tudo. Queremos pensar junto com nosso público”
avançar Tati Machado
. O Saia justa
também terá um canal WhatsApp
e um spin off
nas redes sociais com conteúdos exclusivos dos encontros e experimentará outros formatos, adaptando o conteúdo da programação em podcast
.
Eliana relembrou a contribuição dos âncoras anteriores e citou as mudanças nesta temporada. “Acho que o maior diferencial do Saia é que, durante muitos anos, tivemos duas grandes jornalistas como âncoras: a Mônica e a Astrid, que representavam muito bem a turma de um jeito muito bacana, além das mulheres. Venho com uma vantagem no entretenimento, mas também com uma vasta experiência em televisão. Acredito que a maior diferença, neste momento da minha apresentação, será que vocês me verão de uma forma que nunca me viram antes. E talvez eu nunca tenha me mostrado.”
Primeiras impressões
O primeiro episódio teve um início agradável, com uma série de reminiscências, em que os apresentadores refletiram sobre o impacto do programa em suas vidas e carreiras, prestando também a devida homenagem aos seus antecessores. “Sou espectador de ‘Saia’ desde sempre. Lembro-me do primeiro episódio em 17 de abril de 2002, assistindo e entendendo o que o programa se tornaria. Com o passar dos anos, me tornei repórter do ‘Saia’ em 2016 e, agora, em 2024, aqui estou no sofá com vocês.”
declarado Rita Batista.
Em seguida, discutiram o tema das mudanças de vida, aproveitando a oportunidade para compartilhar mais histórias pessoais. Eliana foi uma das primeiras a compartilhar sua intimidade. “Tenho algumas histórias de vida que envolvem mudanças pela dor, como foi o caso da Manuela, que o Brasil acompanhou, onde o inesperado acontece. Nessas situações, precisamos superar e reagir”
disse Eliana, ao relembrar o delicado período de gestação da filha Manuela, hoje com 6 anos. Na época, Eliana sofreu um descolamento prematuro da placenta e precisou fazer uma pausa nas atividades para uma longa recuperação.
Em seguida, Eliana passou a palavra para Tati Machado. “Hoje, na estreia de ‘Saia Justa’, faz um mês que ganhei ‘Dança dos Famosos’. Quando penso em mudança, minha mente vai direto para aquela experiência de quatro meses porque saí dela profundamente transformada, principalmente no que diz respeito ao meu corpo. Houve uma grande mudança na minha consciência do meu próprio corpo e das minhas capacidades.”
Quando chegou a sua vez, Bela Gil começou a explicar o Teoria do Setênio
e como ela entende que isso pode ser aplicado para elucidar transições em sua vida. A Teoria Septenária é um conceito da Antroposofia que sugere que a vida humana se desenvolve em ciclos de sete anos, denominados “sete anos”.
Segundo esta teoria, cada período de sete anos representa uma fase distinta da vida, marcada por mudanças físicas, emocionais e espirituais.
“Muitas vezes, na minha vida, só percebi mudanças depois de um tempo, anos depois. Aos 14 anos comecei a praticar Yoga, meditar e me interessei por Nutrição. Aos 21 anos eu tinha acabado de ser mãe, o que trouxe uma grande responsabilidade e mudanças no meu comportamento. Aos 28 anos sempre fui muito conciliador, tentando não desagradar ninguém, mas resolvi fazer o parto do meu filho em casa, mesmo incomodando muita gente. Eu tomei essa decisão. E aos 35 anos, eu tinha acabado de terminar, e foi aí que a ‘lente cor-de-rosa’ saiu. Passei a ver a vida de forma diferente, mais difícil. Foi a primeira vez que senti que realmente assumi o controle da minha vida e comecei a guiar meu próprio caminho.”
Confira os melhores trechos da coletiva de imprensa com o novo elenco de Saia justa
sobre o que podemos esperar desta temporada.
Bravo!
participou da coletiva de imprensa com os debatedores, ou o novo “saias”
(como são carinhosamente chamados no GNT), em que discutiram os rumos do novo Saia justa
. Embora tenham destacado essa mudança no tom das conversas, os apresentadores não detalharam quais assuntos serão discutidos no divã. Confira alguns trechos da conversa:
Alterando rotas
“Saí de um universo infantil de 16 anos, só com filhos, fiz essa transição importante na Record, com o Tudo é Possível, e voltei ao SBT aos domingos, dividindo os domingos com o maior comunicador de televisão, que é o Silvio Santos. Após 15 anos do meu retorno, recebi o convite para estar aqui na Rede Globo para esses novos desafios. Aos cinquenta anos, pensei, disse, quero fazer algo diferente. Cheguei a dizer publicamente que queria comunicar com as mulheres, talvez fazer alguma coisa nas redes sociais, fazer algo que fosse além do auditório, que é algo que domino há tantos anos e que adoro fazer. Mas era algo que eu estava pensando, certo? E aí, quando recebi o convite, falei, nossa, fazer Saia Justa, fazer os outros projetos que ainda estão por vir, é um desafio profissional e pessoal, também, de inovação. É muito legal você poder inovar aos cinquenta, roubei um pouquinho, cinquenta e um, aos cinquenta, é muito legal, é muito inspirador e é muito especial, principalmente porque conheço algumas mulheres da minha idade.”
– Eliana
Pedindo permissão
“Para mim pessoalmente, todos os dias, quando chegamos lá para fazer as nossas tarefas em relação ao Saia, é quase como pedir licença, porque conhecemos a história do programa e das mulheres que estiveram lá. E aí, quando me vejo lá, até já compartilhei isso com as meninas, e em algum momento falei: “Nossa, faz sentido eu estar na Saia? Com o que devo contribuir?” E nunca vou esquecer, Bela olhou para mim e disse: “Menina, pelo amor de Deus, você tem muito a dizer”. E eu realmente tenho muito a dizer e muito a mostrar, porque também tenho muitas opiniões sobre nós. Eu tenho minhas experiências, então, no começo, até pensei: “Meu Deus, eu sou mesmo capaz disso?” Mas na prática vemos e acreditamos em nós mesmos.”
–Tati Machado
Menos texto, mais diversão
“Saia orienta o Brasil e também recebe demandas, não só do público feminino, mas da sociedade como um todo. Porque, apesar de termos essa afinidade, obviamente, com o público feminino, sermos pioneiros quando não havia possibilidade de ter quatro mulheres conversando sobre os mais variados assuntos, mesmo sob orientação e tutela de profissionais como Monica Waldvogel, como Astrid Fontenelle, e agora com Eliana sabemos que isso também era um tabu na sociedade. ‘Ah, sobre o que eu vou falar? Sobre o que vou falar? Você ouviu muito isso. Porque venho compondo o produto (o programa) desde sempre. ‘Ei, são apenas mulheres conversando? Que bobagem. E então vemos que nós, no mundo televisivo e com os telespectadores masculinos e femininos, também quebramos a égide do machismo, da heteronormatividade, do sexismo, dos ditames de que as mulheres reunidas ou competirão ou falarão bobagens. E se quisermos falar besteiras, esse é nosso direito também. É por isso que esta nova Saia tem menos texto e é mais divertida; temos essa possibilidade de conversa fiada às quartas-feiras.”
– Rita Batista
Um bate-papo entre amigos
“Esse sofá, desta temporada, vai representar quatro melhores amigos conversando muito bem no sofá de casa. Acho que estamos em uma harmonia tão boa que queremos sair para jantar juntos, queremos estar juntos e nos damos bem. Isso é ótimo. A época vai representar isso: pessoas que querem estar juntas, querem trocar, querem aprender, querem se tornar vulneráveis. E acho que é isso que as pessoas querem ver.”
–Bela Gil