A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu alerta epidemiológico nesta quinta-feira, 18, informando seus Estados-membros sobre a identificação de possíveis casos de transmissão do vírus da febre oropouche de mãe para bebê durante a gravidez.
O alerta, baseado nos casos notificados no Brasil, recomenda o reforço da vigilância, dada a possível ocorrência de casos semelhantes em outros países com circulação de oropouche e outras arboviroses. Os casos ainda estão sob investigação.
Com nome científico de Oropouche orthobunyavirus (OROV), o vírus é transmitido principalmente por picadas de mosquitos Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou flebotomíneo, presente tanto em áreas silvestres quanto urbanas. O mosquito Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo ou pernilongo, também pode transmitir ocasionalmente o vírus.
O nome da febre deriva da região do rio Oropouche, em Trinidad e Tobago, onde o vírus foi detectado pela primeira vez em 1955. Desde então, surtos esporádicos foram documentados em vários países das Américas, incluindo Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru. . Recentemente, foi observado um aumento na detecção de casos na região.
Entre janeiro e meados de julho de 2024, foram notificados cerca de 7.700 casos confirmados de oropouche em cinco países das Américas. O Brasil registra o maior número (6.976), seguido pela Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia.
A identificação de suspeita de transmissão do vírus da gestante para o bebê ocorre no contexto desse aumento de casos notificados, segundo a OPAS.
Mortes fetais sob investigação
Segundo a entidade, em um caso recente, uma gestante residente em Pernambuco apresentou sintomas de oropouche durante a 30ª semana de gestação. Após confirmação laboratorial da infecção, foi confirmado o óbito fetal. Um segundo caso suspeito foi notificado no mesmo estado: sintomas semelhantes foram observados em uma mulher grávida, resultando em aborto espontâneo.
“A possível transmissão vertical e as consequências para o feto ainda estão sendo investigadas”, afirma a Opas no alerta epidemiológico. “No entanto, esta informação é partilhada com os Estados-membros para os sensibilizar para a situação e, ao mesmo tempo, solicitar que estejam atentos à possível ocorrência de eventos semelhantes nos seus territórios”, acrescenta, com o objectivo de melhor compreender esta possível via de transmissão e suas implicações.
No Brasil, o Ministério da Saúde também investiga quatro casos de bebês que nasceram com microcefalia e apresentaram anticorpos contra o vírus. Segundo o ministério, há evidências de transmissão vertical do vírus, mas ainda não permite confirmar se a infecção durante a gravidez foi a causa de malformações neurológicas em bebês e da morte de fetos.
Esta quarta-feira, a OPAS emitiu directrizes para ajudar os países a detectar e monitorizar a oropouche para possíveis casos de infecção de mãe para filho, malformações congénitas ou morte fetal. A organização está trabalhando em estreita colaboração com países onde foram confirmados casos para compartilhar conhecimento e experiência.
Sintomas da febre Oropouche
Os sintomas da doença, conhecida como febre oropouche, incluem febre repentina, dor de cabeça, rigidez articular, dores no corpo e, em alguns casos, fotofobia, náuseas e vômitos persistentes, que podem durar de cinco a sete dias. Embora a apresentação clínica grave seja rara, pode evoluir para meningite asséptica. A recuperação total pode levar várias semanas.
Para controlar o oropouche, a OPAS insta os países da região a implementar medidas de prevenção e controle de vetores, incluindo o fortalecimento da vigilância entomológica, a redução das populações de mosquitos e outros insetos transmissores e a educação da população sobre medidas de proteção pessoal, especialmente de mulheres grávidas, para evitar picadas. .
As medidas recomendadas incluem: proteger as casas com redes de malha fina nas portas e janelas; usar roupas que cubram pernas e braços, principalmente em residências onde haja pessoas doentes; aplicar repelentes que contenham DEET, IR3535 ou icaridina; e utilizar redes mosquiteiras nas camas ou móveis destinados ao descanso.