O que significa ser emocional e por que não é uma característica ruim
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Uma mulher que fala de amor é suspeita bell hooks diria em seu livro ‘Tudo sobre amor’* . Segundo a autora, teórica feminista americana e ativista antirracista, “tudo o que uma mulher esclarecida tem a dizer sobre o amor representa uma ameaça direta e um desafio às visões que nos são oferecidas pelos homens”.
Desta forma, o criador de conteúdo e podcaster Luana Carvalho Ela não pôde deixar de intimidar muitos quando diz que é uma ‘mulher reconhecidamente emotiva’ e quando vive, fala e escreve o amor à sua maneira. E isso é ótimo. “Sempre me perguntei em que mundo vivemos, onde mostrar nossos sentimentos é visto como chocante e errado”, reflete o apresentador do podcast. ‘O melhor é ser emocional’ durante entrevista com CAPRICHO.
Para ela, o amor é uma força poderosa que move as pessoas – descrição que aprendeu na casa onde cresceu, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ao lado da mãe e da avó. “E Vim de uma família muito afetuosa, que demonstrou amor intensamente e aprendi a ser assim”, diz.
Hoje, aos 25 anos, Luana mora no Rio de Janeiro, para onde se mudou durante a pandemia da Covid-19. Foi nesse período, aliás, que seu trabalho como criadora de conteúdo começou a ganhar mais visibilidade. Na época, seus vídeos eram muito focados em discutir a gordofobia e o racismo (temas essenciais que ela ainda aborda muito), mas ela percebeu que precisava ampliar seus horizontes.
“Eu senti que não estava realmente expressando quem eu era, além dessas coisas. Na verdade, o preconceito me invade, mas sou muito mais que isso”, afirma. Foi nessa virada que nasceu o projeto que resultou no podcast ‘O bom é se emocionar’, um espaço intimista e acolhedor para falar sobre sentimentos, emoções e tudo o que passa por você.
“O fato de ser uma pessoa extremamente carinhosa e carinhosa vai contra o estereótipo de mulher como eu”, diz ela, referindo-se ao racismo e à gordofobia. “Mas eu precisava fazer algo com tudo isso e mostrar o quanto estou emocionada”, acrescenta Luana, explicando que quando diz emocionada, não está se referindo apenas aos relacionamentos amorosos, mas à vida em geral: “Eu me emociono e vejo beleza desde as coisas mais simples até as mais grandiosas.”
Sem amor, eu não sobreviveria. O amor pela vida, por mim, pelo meu corpo, pela minha história.
Mas, afinal, o que significa ser emotivo?
‘Ser emocionado’ virou até uma espécie de meme na internet e carrega um tom pejorativo. Para muitos, é sinônimo de alguém desequilibrado, iludido ou que se apaixona demais. Não para Luana. Para ela, pessoa emotiva é aquela que tem coragem de sentir o que sente e de falar sobre isso, de forma natural, sem que isso se torne uma obrigação de retribuir.
É alguém que sabe colocar o coração à frente sem criar uma série de obstáculos, e também enfrentar sentimentos bons e ruins. “Dizer que gosta ou ama alguém não faz de você uma pessoa inferior ou que ultrapassa limites. Sentir é humano”, afirma.
Gosto de ser chamado de emocional, sim. Porque, para mim, isso nada mais significou do que ter coragem de sentir o que você sente, de bom e de ruim.
Luana conta que tomou mais consciência de sua intensidade na adolescência – período que vocês, leitores do CH, conhecem muito bem. Primeiros amores, decepções, hormônios em alta, emoções descontroladas.
“Naquela época, percebi que havia joguinhos de desinteresse, como fingir que não gostava da pessoa, esnobá-la, para que ela gostasse de você”, lembra. O Acho que me emocionei ao perceber que nada daquilo fazia sentido para mim”, completa.
Mas e os riscos de ser emocional?
O medo que muitas pessoas têm de demonstrar seus sentimentos e intensidade aos outros é, no final das contas, que acabem se machucando. E, sim, desentendimentos e decepções são inevitáveis. Como Brené Brown escreveu no livro ‘A coragem de ser imperfeito’* :
“O amor é incerto e oferece riscos incríveis. Amar alguém nos deixa emocionalmente expostos. Sim, é assustador e sim, podemos estar magoados, mas você consegue imaginar sua vida sem amar ou ser amado?”
Luana abraça essa vulnerabilidade, com todos os riscos, com a ajuda do autoconhecimento, que a fez entender que ser intenso não é problema, assim como não ser intenso. “Sou uma mulher intensa, mas não posso oferecer minha intensidade a todos. Tem gente que não gosta e não sabe lidar com isso, então tenho que encontrar lugares e relacionamentos onde eu possa ser exatamente quem eu sou”, explica qual é para ela o segredo para se emocionar em um maneira saudável.
Foi a partir desta visão realista e acolhedora que escreveu o livro ‘O amor não vive na urgência do outro’* ,
Portanto, escolhamos ser emocionais e ver a vida mais através das lentes do amor.
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