Você já parou para pensar no que sua playlist pode revelar sobre você? Mais do que mostrar se você tem bom gosto musical ou não – o que é bastante relativo, o músicas
Eles revelam diferentes emoções e sentimentos que muitas vezes não conseguimos expressar de outra forma. Analisar letras de músicas sob essa perspectiva é um exercício muito interessante.
É o que faz o psicanalista Kályton Resende em seu TikTok
. Ele usa as redes sociais para divulgar seu trabalho e discutir temas densos, como
‘trauma da pobreza’
que é seu principal objeto de estudo, encontrou uma forma de trazer um relevo cômico ao seu conteúdo, através de uma pintura sobre música. Em cada vídeo, ele analisa o perfil psicológico de quem ouve determinado artista, levando em consideração os principais temas abordados pelo cantor nas letras de suas músicas.
Em vídeo recente, por exemplo, ele fala sobre o perfil dos fãs de Jão. “Você provavelmente possuía uma sensibilidade emocional notável. As letras de Jão, cheias de emoção e experiências pessoais, como ‘Imaturo’ e ‘Me Beija com Raiva’, encontram caminho em seu coração”, analisa.
“O processo de criação do vídeo envolve uma análise criteriosa da obra do artista em questão, principalmente das letras. Não estou falando do artista ou da vida pessoal dele, o que me interessa é o que eles falam e a forma como as músicas são percebidas pelo público”, diz em bate-papo com CAPRICHO.
Perfil psicológico de quem ouve Jão @JÃO | Este conteúdo tem fins de entretenimento e não se destina a diagnosticar ou prescrever tratamento. Se você se identifica com os assuntos abordados neste vídeo, entre em contato comigo através do link na descrição do perfil. #jao
#perfilpsicologicodequemescuta
#kalytonpsi
♬ som original – Kályton Psicanalista
Assim como aponta na legenda de todos os vídeos da tabela, ele reforça durante a entrevista que esse conteúdo, em especial, “tem fins de entretenimento e não serve para diagnosticar ou prescrever tratamento”. “Os vídeos são feitos com toque de humor, criatividade e, às vezes, até um pouco de sarcasmo e ironia, mas sempre respeitando os limites éticos profissionais da psicanálise”, explica.
“O objetivo é provocar reflexos de luz e, quem sabe, até ajudar as pessoas a se identificarem com determinadas emoções e comportamentos de forma mais lúdica. Essa é a beleza da Psicanálise aplicada ao cotidiano, que é o meu objetivo: nos permite pensar a nossa vida de forma mais consciente, mesmo em contextos aparentemente leves”, acrescenta.
O poder da música
Mesmo com essas ressalvas sobre o seu conteúdo ser para fins de entretenimento, Kályton afirma que isso não exclui o fato de que a música tem a capacidade de revelar muito sobre nossos desejos, medos e estados psíquicos. “Sabe quando você ouve uma música e, do nada, ela fica repetindo na sua cabeça? Ela se impõe a você, muitas vezes funcionando como um espelho para nossos estados emocionais e identidades”, afirma e diz que percebeu isso por experiência própria.
A psicanalista explica que, quando ouvimos música, estamos nos conectando com uma linguagem que vai além das palavras, chegando ao nosso subconsciente. “A melodia, o ritmo e a letra se combinam para criar uma experiência emocional, que pode acalmar ou agitar dependendo do contexto da história pessoal do ouvinte”, afirma.
Kályton propõe que pensemos, ao apreciar música, o que ela transmite, o que diz sobre nós. Na verdade, a música também pode funcionar como uma ferramenta de regulação emocional, ajustando o nosso humor de acordo com as necessidades do momento.
“Quando estamos tristes, por exemplo, podemos procurar músicas que reflitam essa tristeza para validar nossos sentimentos e expressá-los, e não negá-los ou reprimi-los. Ou, é possível optar por músicas mais animadas para tentar mudar nosso estado emocional, o que seria no sentido de reprimir, ou simplesmente dizer chega de ficar triste, vamos nos animar”, explica, ressaltando que a escolha da música pode servir como forma de autoexpressão e cuidado.
O psicanalista também usa como exemplo a importância da música, principalmente para os homens heterossexuais, que ainda estão presos à ideia de que não conseguem demonstrar sentimentos, encontrar uma forma de sentir, expressar seus afetos e processar suas emoções de uma forma que um rapper, trapper ou outro artista falou em suas letras.
Perfil psicológico de quem ouve Veigh | Este conteúdo tem fins de entretenimento e não se destina a diagnosticar ou prescrever tratamento. Se você se identifica com os assuntos abordados neste vídeo, entre em contato comigo através do link na descrição do perfil. #veigh
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A relação entre fã e ídolo na perspectiva de um psicanalista
Kályton destaca que a função da música de acessar afetos e emoções acontece projetada no outro (que, no caso, é o artista por trás dela). Para a psicanalista, a relação torcedor pode ser entendida como expressão de desejo e identificação.
“Na Psicanálise, entendemos que o sujeito busca através do outro, que já foi o ‘outro materno’, uma forma de preencher ou compreender algo de si no outro”, diz. Nesse sentido, o artista pode ser responsável por dar corpo a ideias, valores e até aspectos reprimidos do inconsciente do torcedor.
“A criança imita ‘papai’ e ‘mamãe’ na fala e repete o que é dito para impressionar seu lugar no mundo. Ela repete até que se torne seu próprio discurso. Algo parecido acontece com os fãs: eles se apropriam do que o artista diz para trazer à tona o que muitas vezes é reprimido”, explica.
“Esse vínculo é alimentado pela identificação projetiva onde o fã se vê refletido no artista. Portanto, essa relação pode ser intensa, pois toca em questões profundas de identidade, pertencimento e desejo”, completa.
Kályton afirma que os artistas que mais conseguem aprofundar o relacionamento com seus fãs são aqueles que possuem um eu lírico definido, ou seja, que conseguem transmitir esse conteúdo subjetivo em seu trabalho. Para o psicanalista, o maior exemplo é Baco Exu do Blues, mas ele também cita outros artistas como Lana Del Rey e o próprio Jão, já citado.
Perfil psicológico de quem ouve Baco Exu Do Blues | Este conteúdo tem fins de entretenimento e não se destina a diagnosticar ou prescrever tratamento. Se você se identifica com os assuntos abordados neste vídeo, entre em contato comigo através do link na descrição do perfil. #baço
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Então, o que seu artista favorito revela sobre você? Reflita…