O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes confirmou na noite desta sexta-feira, 30, a ordem de suspensão do funcionamento do X no Brasil, mas desistiu das restrições que impôs ao uso de VPN e das lojas de aplicativos da Apple e do Google.
O bloqueio da plataforma era esperado por X, que ignorou a ordem de Moraes de nomear um representante legal no Brasil.
Uma VPN, ou Rede Privada Virtual, serve para criar uma conexão criptografada entre o dispositivo de um usuário e a internet. Funciona, por exemplo, para ocultar sua navegação de terceiros. Seria uma forma dos internautas tentarem evitar a queda do X no Brasil.
Inicialmente, Moraes deu à Apple e ao Google um prazo de cinco dias para retirar o X de suas lojas online, além de impedir o uso de VPN. Provedores de internet, como Tim, Vivo e Claro, deverão introduzir “obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar o uso do aplicativo “X”.
Após suspender a execução dessas ordens, Moraes mencionou “o caráter cautelar da decisão” e a possibilidade de X cumprir ordens judiciais anteriores. A desistência será válida “até que haja declaração das partes no caso, evitando qualquer transtorno desnecessário e reversível a terceiros”.
No despacho original, Moraes também determinou a aplicação de uma multa diária de 50 mil reais para quem recorre a “subterfúgios tecnológicos”, como aplicativos VPN, para acessar o X após a suspensão.
O juiz enviou notificação à Agência Nacional de Telecomunicações, órgão responsável por determinar que as operadoras de internet retirem o acesso dos usuários ao X. O prazo para a Anatel implementar a medida é de 24 horas.
Moraes ordenou:
“IMEDIATA, COMPLETA E FUNÇÃO COMPLETA DO ‘X BRASIL INTERNET LTDA’ em território nacional, a todos as ordens judiciais emitidas nestes casos são cumprida, as multas devidamente pagas e sendo indicado, em tribunal, a pessoa singular ou colectiva que representa o território nacional No caso de pessoa jurídica, deverá ser indicado também seu gestor administrativo”.
O prazo estabelecido pelo ministro para que X nomeie um advogado no país expirou às 20h07 desta quinta-feira. Minutos depois, a empresa informou por meio de relato oficial que esperava que o ministro ordenasse o bloqueio “em breve”, “simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais de censurar seus adversários políticos”.
Em seu perfil pessoal, o bilionário Elon Musk, dono da X, compartilhou a declaração e atacou Moraes, a quem chamou de “um ditador malvado que se veste de juiz”. Em outra postagem, ele escreveu que o ministro seria “um criminoso usando traje de corte como fantasia de Halloween”.
Na chamada para
Pelas contas do Supremo, o valor das multas não pagas por X chega a 18,3 milhões de reais nesta sexta-feira.
A rede anunciou neste mês que encerraria suas operações no Brasil, em meio à ofensiva de Musk contra o STF. Na prática, isso significa que X continuou a atuar no país, mas sem representante legal.
Musk está há meses envolvido em uma campanha contra Moraes, a quem costuma chamar de “ditador” por supostamente censurar X. O ministro, por sua vez, acusa a rede de descumprir ordens de bloqueio de contas identificadas como disseminadoras de desinformação e discurso racista . ódio
Por outro lado, diz a decisão de Moraes desta sexta-feira, Google (responsável pelo YouTube) e Meta (dona do Facebook e Instagram), cumpriram as ordens de bloqueio de contas, “fiéis nos termos do ordenamento jurídico brasileiro”.
Por ordem do magistrado, Musk está sendo investigado no Investigador Milícias Digitais, que investiga suposta prática de crimes de obstrução à justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Leia outros trechos da decisão de Alexandre de Moraes desta sexta:
- “O ordenamento jurídico brasileiro prevê a necessidade de as empresas que administram serviços online no Brasil terem sede em território nacional, e também de cumprirem decisões judiciais que determinem a remoção de conteúdos ilegais gerados por terceiros”;
- “Em outras ocasiões, o maior acionista da Twitter International Unlimited Company, Elon Musk, demonstrou seu total desrespeito à soberania brasileira e, em especial, ao Judiciário, posicionando-se como uma verdadeira entidade supranacional e imune à legislação de qualquer país” ;
- “Elon Musk confunde liberdade de expressão com uma liberdade de agressão inexistente, confunde deliberadamente a censura com uma proibição constitucional do discurso de ódio e do incitamento a ações antidemocráticas;
- “A tentativa da Twitter International Unlimited Company de se colocar à margem da legislação brasileira, antes das eleições municipais de 2024, demonstra sua clara intenção de preservar e permitir a instrumentalização das redes sociais.”