O Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado nesta sexta-feira (27), é um momento importante para compartilhar informações e refletir sobre a importância da decisão que faz a diferença para quem precisa. Um gesto de amor onde uma pessoa pode salvar até outras sete vidas. Em Criciúma, o Hospital São José conta com uma Comissão Hospitalar de Transplantes – CHT muito atuante que monitora os casos e identifica um potencial doador. Trabalho feito em conjunto que faz a diferença na vida de inúmeras pessoas.
“Somos apenas passageiros nesta vida. Quando vamos embora, não levamos nada físico conosco, então, se for de encontro aos seus valores de vida, como fazer o bem ao próximo, a doação é uma oportunidade maravilhosa de salvar vidas”, explica médico intensivista e membro do o HSJosé CHT, Marina Casagrande do Canto.
Segundo o médico, o processo de doação de órgãos começa com o diagnóstico de morte encefálica de causa conhecida, como acidente vascular grave (causa principal hemorrágica e segunda isquêmica), acidente com traumatismo cranioencefálico, após parada cardiorrespiratória. prolongado, entre outros.
“Nesses casos, quando há evolução com sinais de perda de funções cerebrais, temos o dever de identificar adequadamente e abrir um protocolo seguindo todos os critérios regulamentados e já bem descritos na literatura. Contamos também com total apoio da SC Transplantes que, desde 1999, coordena as atividades de transplante em nível estadual, centralizando e gerenciando todas as ações que envolvem captação e transplante de órgãos no estado”, explica.
Ao final deste protocolo é possível concluir se há morte por critérios neurológicos, morte encefálica, indicando a perda irreversível das funções cerebrais. “Durante todo o processo há sempre respeito pela família que está sofrendo. Nossa equipe dá todo o suporte necessário a eles, cuidando também do paciente para que receba um tratamento digno, independente do desfecho. A partir do diagnóstico de morte, devemos cuidar da família que passa pelo processo de luto e proporcionar a possibilidade de que esse ente querido possa ajudar tantas pessoas, mesmo após a sua morte. É importante lembrar que os desejos da família são sempre respeitados. Então, converse com sua família sobre a doação de órgãos. Quando conscientizamos nossos familiares sobre nossos anseios, eles conseguem, mesmo em momentos de sofrimento, ser porta-vozes, pois apenas parentes de primeiro grau podem aceitar a doação no momento do diagnóstico de morte encefálica”, explica.
A doação de órgãos e tecidos é feita por qualquer pessoa em morte encefálica e mediante autorização da família, conforme resolução nº 2.173/17 do Conselho Federal de Medicina.
Importância da Comissão Hospitalar de Transplantes
Até agosto de 2024, o HSJosé já realizou 14 captações de múltiplos órgãos. São vidas que foram mudadas por um único gesto de amor. Para que todo esse trabalho seja realizado a equipe do CHT tem um trabalho essencial.
“A abordagem às famílias é geralmente feita por dois membros do CHT e pelos médicos que acompanham o caso. Essa abordagem é realizada na forma de acolhimento, como opção de ajuda para essa família, pois a doação em si é consequência do processo. Nossa responsabilidade é oferecer o diagnóstico, que é direito de todo paciente e família. Portanto, nosso trabalho é fundamental. Faremos todo o acolhimento com a família, esclareceremos todo o processo e, se a entrevista for positiva, orientaremos tudo sobre a continuação do processo, quais são os próximos passos, quanto tempo leva, toda a assistência necessária”, explica o gerente de SADT e enfermeira de CHT do HSJosé, Renata Mendes Machado.
Segundo a enfermeira, é importante que o processo de doação de órgãos seja cada vez mais divulgado entre as pessoas. “É um momento extremamente delicado para os familiares, por isso é tão importante tomar essa decisão na vida. Por mais que seja um momento de sofrimento e dor para a família, é somente neste momento que conseguimos ter essa relação de apoio e ajuda, proporcionando oportunidades de doação de órgãos para outras pessoas. Por isso é tão importante manifestar o interesse em ser doador de órgãos durante a vida e divulgar essas informações para que esse grande gesto possa salvar vidas”, reforça Renata.
Saiba mais
Atualmente a equipe do HSJosé CHT é formada por oito profissionais. A equipe oficial conta com seis enfermeiros responsáveis por realizar todo o processo protocolar e também coordenar o centro cirúrgico e centro cirúrgico no processo de doação. Além de dois médicos que realizam o trabalho de captação de órgãos no centro cirúrgico.