Julian Assange está livre e deixou nesta segunda-feira 24 o Reino Unido e a prisão de segurança máxima perto de Londres onde ocorreram por cinco anos, informou o WikiLeaks, depois de anunciar um acordo de confissão de culpa com a Justiça dos Estados Unidos.
Segundo o WikiLeaks, o australiano de 52 anos saiu da prisão de Belmarsh na manhã desta segunda e foi libertado pela Justiça britânica no aeroporto de Stansted, em Londres, à tarde. De lá, embarcou em um avião e saiu do Reino Unido.
Assange chegou a se declarar culpado em um tribunal norte-americano por revelar segredos militares, em troca de sua liberdade, encerrando um longo drama legal.
Ele se dirá acusado de uma única acusação de conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional, indicando um documento apresentado no tribunal das Ilhas Marianas do Norte. É nesse território americano no Pacífico que está previsto o comparativo do ativista australiano.
Durante seu calvário judicial, Assange tornou-se um herói dos defensores da liberdade de expressão em todo o mundo, e um vilão para aqueles que acreditam que seus vazamentos prejudicaram a segurança nacional dos Estados Unidos e suas fontes de inteligência. As autoridades americanas queriam levar Assange a julgamento por divulgação de segredos militares dos Estados Unidos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão.
Esse acordo de confissão de culpa presumivelmente encerrará a novela jurídica de quase 14 anos envolvendo Assange. O ativista foi indicado por um grande júri federal dos Estados Unidos em 2019 com 18 acusações decorrentes da publicação pelo WikiLeaks de uma coleção de documentos de segurança nacional.
O anúncio do acordo chega duas semanas antes da audiência de Assange que foi marcada em um tribunal no Reino Unido para analisar seu recurso contra a extradição aos Estados Unidos.
Confinado
O editor-ativista foi detido no presídio de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, desde abril de 2019.
O fundador do WikiLeaks foi preso pela polícia britânica após passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde buscava evitar sua extradição para a Suécia em uma investigação por supostos crimes sexuais, que depois acabou sendo arquivada.
O material vazado pelo WikiLeaks incluía um vídeo que mostrava civis sendo assassinados por disparos vindos de um helicóptero militar americano no Iraque em 2007. Entre as vítimas havia dois jornalistas da agência Reuters.
Os Estados Unidos acusaram Assange com base na Lei de Espionagem de 1917. À época, seus apoiadores alertaram que isso poderia render ao fundador do WikiLeaks uma pena de 175 anos de prisão. O governo britânico, por sua vez, aprovou sua extradição em junho de 2022.
Na última reviravolta desta saga, dois juízes britânicos assinalaram em maio que poderiam solicitar a decisão de sua extradição aos Estados Unidos.
O recurso visava abordar a questão de se, como um estrangeiro julgado nos Estados Unidos, ele se beneficiasse das proteções à liberdade de expressão concedidas com base na Primeira Emenda da Constituição americana.
O acordo judicial anunciado hoje não era algo totalmente inesperado. O presidente americano Joe Biden vem sendo pressionado a abandonar o caso de longa data contra Assange.
Em fevereiro, o governo da Austrália fez um pedido oficial nesse sentido e Biden assinalou que iria considerá-lo, aumentando as esperanças dos apoiadores de Assange de que seu longo calvário chegaria ao fim.