MÁRIO TAMA
A coleta de dados de usuários do TikTok torna a plataforma uma ameaça à segurança nacional, disse o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em resposta a uma ação civil movida pela empresa de propriedade chinesa que busca impedir a venda forçada do aplicativo.
O processo da TikTok no tribunal federal de Washington argumenta que a lei que a força a vender a plataforma de vídeo até 2025 ou enfrentar o risco de uma proibição nos EUA viola os direitos de liberdade de expressão da Primeira Emenda.
A resposta contesta e afirma que a lei aborda questões de segurança nacional, não de liberdade de expressão, e que a empresa-mãe chinesa da TikTok, ByteDance, não pode reivindicar os direitos da Primeira Emenda nos Estados Unidos.
“Dado o amplo alcance do TikTok nos Estados Unidos, a capacidade da China de usar os recursos do TikTok para atingir seu objetivo geral de minar os interesses americanos cria uma ameaça à segurança nacional de imensa profundidade e escala”, escreveu o Departamento de Justiça (DoJ) em sua submissão ao tribunal. .
O texto detalha que a ByteDance poderia, e de fato iria, atender a uma solicitação do governo chinês de dados sobre usuários americanos ou ceder à pressão para censurar ou promover conteúdo específico na plataforma.
O TikTok dá a Pequim “meios para minar a segurança nacional dos Estados Unidos”, coletando grandes quantidades de dados confidenciais de usuários americanos usando um algoritmo para controlar quais vídeos essas pessoas assistem, argumentou o Departamento.
“O algoritmo pode ser manipulado manualmente e a sua localização na China permitiria ao governo chinês controlá-lo secretamente e, assim, moldar secretamente o conteúdo recebido pelos utilizadores americanos”, acrescentou.
A resposta do TikTok veio neste sábado: “A Constituição está do nosso lado”.
“A proibição do TikTok silenciaria as vozes de 170 milhões de americanos, violando a Primeira Emenda”, afirmou a empresa num comunicado na rede social X, referindo-se aos utilizadores da aplicação nos Estados Unidos.
“Como afirmamos antes, o governo nunca apresentou provas das suas reivindicações, mesmo quando o Congresso aprovou esta lei inconstitucional.”
As agências de inteligência dos EUA estão preocupadas com a possibilidade de a China “transformar em armas” os aplicativos de smartphones, disseram autoridades do DoJ.
“É claro que o governo chinês tem procurado grandes conjuntos de dados americanos durante vários anos sob qualquer forma, incluindo ataques cibernéticos, compra de dados online e formação de modelos de inteligência artificial que possam usar esses dados”, disse uma fonte do Departamento.
De acordo com a apresentação do Departamento, a ameaça à segurança nacional “representada pelo TikTok é real” e confirmada por “informações confidenciais fornecidas pela comunidade de inteligência”.
O TikTok afirma que a venda exigida “simplesmente não é possível”, muito menos no referido prazo.
O projeto de lei assinado pelo presidente Joe Biden no início deste ano estabeleceu o prazo até meados de janeiro de 2025 para que o TikTok encontrasse um comprador não chinês ou enfrentaria uma proibição no país.
A Casa Branca pode prorrogar o prazo em 90 dias.
A ByteDance afirma que não tem planos de vender o TikTok, o que deixa o processo, que provavelmente chegará à Suprema Corte dos EUA, como a única opção para evitar o banimento em 19 de janeiro de 2025.