O valor encontrado nas contas bancárias da Starlink no Brasil não é suficiente para cobrir nem metade dos R$ 18 milhões em multa aplicada a X pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As contas foram bloqueadas com o objetivo de quitar a multa, mas até o momento apenas o Citibank informou a existência de valores da empresa, conforme processo de bloqueio a que o UOL teve acesso.
Foram encontrados R$ 37.030,13 na conta Starlink Holding, e R$ 7.051.895,58 na conta Starlink Brazil Internet Services. Outras instituições financeiras ainda precisam informar ao STF sobre a existência de valores pertencentes às empresas de Elon Musk para possível bloqueio.
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O Citibank também identificou e bloqueou R$ 2 milhões da conta X Brasil. Como o valor não era suficiente para cobrir a multa, Moraes decidiu estender a decisão ao bloqueio de contas Starlink, que também pertence ao bilionário Elon Musk.
Moraes, considerando que X e Starlink pertencem ao mesmo grupo econômico, decidiu no dia 24 de agosto bloquear também as contas da Starlink. Moraes baseou sua decisão “no poder de um agente econômico de influenciar o planejamento econômico de outro agente econômico”.
A decisão inclui o bloqueio de ativos e contas, bem como de investimentos, aplicações, títulos públicos e a indisponibilidade de veículos, embarcações e aeronaves Starlink. A Central Nacional de Indisponibilidade de Mercadorias não encontrou veículos registrados em nome de empresas no Brasil.
As multas de X já ultrapassam R$ 18 milhões, segundo cálculo da Secretaria Judiciária do STF, por desrespeitar ordens de Moraes de retirar conteúdos e bloquear perfis investigados pela Polícia Federal.
A Starlink recorreu ao STF, alegando que a decisão de bloqueio das contas é “infundada” e que as multas a X são inconstitucionais. O ministro Cristiano Zanin, responsável pela análise do recurso, negou o pedido de suspensão da decisão de Moraes. A empresa, que inicialmente se recusou a cumprir a ordem de suspensão do X no Brasil, acabou bloqueando o acesso à rede social no país no dia 3 de setembro, conforme informou a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Conflito entre Musk e Moraes
A disputa entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes começou em abril, quando Musk acusou o ministro de promover “censura” no Brasil e ameaçou não cumprir medidas legais que restringiam o acesso a perfis na plataforma X. Musk foi incluído no inquérito sobre milícias do STF, denunciado por Moraes, e enfrenta investigações adicionais por obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Em agosto, Moraes determinou o bloqueio de perfis, inclusive do senador Marcos do Val, após postagens que atacavam delegados da PF que investigavam apoiadores de Bolsonaro. A medida não foi cumprida por X, resultando no aumento da multa diária e na ordem para que a empresa nomeasse um representante para cumprir ordens judiciais. Desde então, X está suspenso no Brasil.
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