Minha trajetória sempre esteve ligada a ciência e tecnologia. Desde menino olhava para o céu, sonhava em ser piloto e era fascinado pelo espaço. Sou de Bauru, cidade de São Paulo, minha família e eu morávamos em uma casa simples e, para chegar onde queria, precisei traçar um caminho estratégia. Ao terminar o ensino fundamental, fiz dois cursos técnicos, uma forma de conciliar o ensino médio com a formação profissional. Segui a carreira militar, fui piloto de caça, me formei em Engenharia Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e, posteriormente, prestei exame para NASA ser Astronauta Profissional. A curiosidade e a determinação me levaram a ser o primeiro e o único brasileiro a ir ao espaço, onde pude ver de perto o impacto da tecnologia no futuro da humanidade. Esta experiência só reforçou em mim a importância de incentivar os jovens a interessarem-se por estas áreas de inovação, de forma a explorarem as infinitas possibilidades que a ciência oferece.
A busca “O que os jovens pensam sobre ciência e tecnologia” do Instituto Nacional de Divulgação Pública de Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) de 2024, uma sequência de estudos iniciada em 2019, mostra que os jovens têm grande interesse por ciência e tecnologia. De acordo com pesquisas, 77% afirmam estar muito interessados; 67%, estão interessados em ciência e tecnologia e 66%, para medicina e saúde. O interesse é maior entre os jovens com ensino superior e os resultados são diferentes dependendo da região do país. O Norte é a região com maior percentagem,
Mas ainda existem obstáculos à democratização do conhecimento. Infelizmente, a participação dos jovens brasileiros em atividades científico-culturais, como museus científicos, é baixa. Museus ou espaços de ciência foram visitados por apenas 8% dos entrevistados. Apenas um em cada dez jovens vê a ciência ser feita em Brasil como avançados, quatro em cada dez como intermediários e metade (cinco em cada dez) como atrasados.
Ciência é pop
Precisamos formar uma geração preparada para os desafios do futuro. Para mim, é muito claro! Precisamos de criar um ambiente de apoio onde os jovens possam sonhar grande e concentrar toda a sua energia e curiosidade em transformar esses sonhos em realidade. Durante meu mandato como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (2019-2022), Criei uma secretaria dedicada à popularização da ciência. O objetivo era permitir que mais jovens descobrissem a sua paixão por estes temas e canalizassem os seus conhecimentos para estas áreas. Também por meio da minha gestão, o ministério apoiou as olimpíadas do conhecimento, competições voltadas para estudantes de diversas faixas etárias.
No Senado, criei o Frente Parlamentar em Favor da Educação Profissional e Tecnológica onde procuro promover a educação técnica e científica como pilares fundamentais para o desenvolvimento do Brasil. Como ex-aluno do Sesi e do Senai e Embaixador Mundial do habilidades mundiais, Sei da importância dessa modalidade de ensino no mercado de trabalho atual. Além da Frente, me dedico a ser o principal interlocutor de projetos de ciência, tecnologia, inovação e educação no Poder Legislativo.
Manoel José Nunes Neto, um jovem curioso e exemplar que quer mudar o mundo
Um exemplo sensacional do poder transformador que a ciência tem na vida de um jovem é o caso de Manoel José Nunes Neto, um menino de 17 anos, do Piauí, que ganhou o Prêmio Prêmio Água de Estocolmo (Prêmio Stockholm Water Youth 2024), considerado o Prêmio Nobel de Ciência Jovem. Manoel desenvolveu o “Rover Aquático”, um aparelho de baixo custo, um barco que analisa o PH, a temperatura, a turbidez e o oxigênio dissolvido da água de forma autônoma e remota. Tudo isso sem a necessidade de técnicos em campo, minimizando o risco de exposição a áreas contaminadas. O projeto é inovador e pode revolucionar a forma como monitoramos a qualidade da água nos corpos hídricos.
O estudo Relatório Mundial da ONU sobre o Desenvolvimento da Água 2023, lançado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em parceria com a ONU Água, mostra que 26% da população global não tem acesso a água potável e 46% (3,6 mil milhões) das pessoas no mundo não têm serviços de saneamento seguro. O estudo também diz que 1,4 milhão de mortes, em 2019, foram atribuídos à higiene inadequada e 44% do esgoto doméstico não é tratado com segurança.
O barco do Manoel foi feito com peças recicláveis e painéis fotovoltaicos para aproveitar energia limpa. Ele se inspirou nas comunidades ribeirinhas de sua região. Segundo ele, o governo só é informado depois que as pessoas adoecem. A embarcação funcionará 24 horas por dia informando sobre a situação da água, atuando com o maior rigor e controle sobre a qualidade da água. Manoel utilizou seus conhecimentos de robótica para automatizar o barco, tornando-o mais eficiente.
A inovação de Manoel, além de ser totalmente sustentável, simplifica o monitoramento da água para torná-lo mais acessível e eficiente, tem o potencial de impactar diretamente comunidades inteiras e países que enfrentam dificuldades no controle dos recursos hídricos. Este é um projeto que resolve problemas locais e globais. É inspirador!
Manoel é o primeiro nordestino a representar nosso país nesse tipo de premiação. Ele disse: “Eu quero mudar o mundo.” Esta frase ressoa poderosamente, pois reflete a essência do que é necessário para fazer a diferença: acreditar que é possível e trabalhar para isso. Assim como eu, o Manoel levou a bandeira do Brasil para o mundo ver do que o nosso país é capaz! Sempre que olho para uma criança ou jovem, vejo nele uma possibilidade, um futuro ganhador do Prêmio Nobel, como o Manoel. O A ciência tem o poder de transformar vidas. E estas vidas têm o poder de transformar as sociedades e o Planeta. É nosso papel, como líderes e cidadãos, garantir que as próximas gerações estejam preparadas para continuar esta missão de transformar o mundo.