Despesas anuais com apostas on-line ultrapassa a casa de 2 bilhões de reais apenas na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo levantamento feito pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises. O valor equivale a duas vendas e meia de Natal nas empresas, o que mostra o impacto econômico das ligações apostas.
A pesquisa, realizada entre os dias 18 e 20 de setembro, entrevistou 1.076 pessoas. Deste universo, mais de 24% já participaram em apostas on-line. A principal motivação, segundo 67% dos entrevistados, é a possibilidade de ganhar dinheiro rapidamente. Outros 23% afirmam que jogam apenas por diversão.
Mais da metade dos usuários dessas plataformas são homens (58%), com idade entre 25 e 34 anos (38%), segundo o IFec RJ. Além disso, 56% possuem renda mensal de até dois salários mínimos e 75,5% possuem ensino médio completo.
A pesquisa foi realizada à luz das discussões sobre a regulamentação das apostas. Um estudo produzido pelo Banco Central mostrou que cerca de 24 milhões de pessoas participam de jogos e apostas no país.
Entre os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, mais de 5 milhões de usuários destinaram dinheiro às casas de apostas virtuais só em agosto.
A avaliação do BC leva em consideração os consumidores que realizaram pelo menos uma transferência via Pix para essas empresas em agosto. A grande maioria dos jogadores tem entre 20 e 30 anos, aponta o relatório.
O valor médio mensal das transferências aumenta com a idade. Para os mais jovens, as contribuições chegam a 100 reais por mês. Os mais velhos destinam mais de 3 mil reais por mês.
Na última terça-feira, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo acionou o Supremo Tribunal Federal com o objetivo de cancelar uma lei que regulamentava a prática no Brasil.
Entre outros pontos, a entidade argumentou que as apostas provocam efeitos negativos nos negócios e na sociedade e mencionou o aumento dos atrasos e a redução do consumo de bens essenciais.
O crescimento exponencial do mercado de apostas no Brasil também despertou alarmes no Ministério da Fazenda. O ministério deve desenvolver um sistema de controle para evitar que usuários façam apostas com cartão de crédito, além de adotar uma espécie de monitoramento de CPF para identificar possíveis comportamentos de dependência.
Ainda não há detalhes sobre como a plataforma funcionará. Essa é, como explicou o ministro Fernando Haddad durante conferência do Banco Safra na quarta-feira, 25, uma forma de manter o controle sobre as pessoas “que demonstram dependência psicológica” de apostas.