A popularidade de apostas online, ou “Apostas”, cresceu consideravelmente, impulsionado pela facilidade de transações e pela promessa de ganhos rápidos. É o sonho de ficar rico rápido! O estudo “O impacto económico das apostas” da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que foram gastos mais de R$ 68 bilhões em apostas entre 2023 e 2024. Segundo “Análise técnica do mercado de apostas online no Brasil e o perfil dos apostadores” realizada pelo Banco Central (BC), apenas em agosto, o valor da transferência via Pix para empresas de apostas online foi R$ 21 bilhões. De janeiro para cá, houve um crescimento de 200% nas transações via Pix para essas empresas.
Este impressionante montante financeiro gasto esconde um problema ainda maior: a vulnerabilidade daqueles que menos podem dar-se ao luxo de perder dinheiro. Além disso, conforme analisou o BC, o Beneficiários do Bolsa Família movido R$ 3 bilhões via Pix para empresas de apostas, 20% do valor total repassado pelo programa no mês. Esse número pode ser ainda maior quando se analisam gastos com cartões de crédito e débito. Pesquisa realizada pela fintech Lavi diz que cerca de 30% dos brasileiros que apostam online já fizeram empréstimos para continuar jogando. E a CNC anunciou que mais de 1,3 milhão de brasileiros já estão inadimplentes por dívidas relacionadas a apostas.
O setor do jogo online também levanta questões sobre a cobrança de impostos e a regulamentação adequada. Jogos de loteria estadual como os de Caixa Econômica Federal (CEF), considerados legais, geram R$ 25 bilhões anualmente. Somente em agosto, como já mencionado acima, as apostas online passaram R$ 21 bilhões. Embora o governo capte 46,6% do valor arrecadado nas loterias, estima-se que poderia arrecadar cerca de R$ 10 bilhões por ano com impostos sobre “apostas”.
No Congresso Nacional votei contra uma lei completamente sem sentido. O Lei 14.790/2023, conhecido como “Lei das Apostas”, foi aprovado pela base do governo Lula. É uma lei que não tem lógica e só trará mais problemas ao Brasil. Essa lei está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela CNC sob o argumento de que a regulamentação das apostas de cota fixa causa sérios impactos sociais e econômicos.
A postura do governo em relação regulamento determinados sectores levanta questões importantes. Embora vejamos um esforço intenso em direção à inteligência artificial (IA) no Brasil, impondo barreiras regulatórias e diretrizes rígidas, projetos como “Lei das Apostas” aparentemente recebeu tratamento mais permissivo. A IA, uma tecnologia capaz de impulsionar a inovação, a produtividade e o desenvolvimento económico, está rodeada de regulamentação que poderá limitar o seu potencial. Na verdade, a IA pode ser uma grande aliada no combate ao vício do jogo, monitorizando comportamentos compulsivos e promovendo um ambiente mais seguro.
As apostas, que têm histórico de impactos sociais negativos, como o endividamento familiar, envolvem transparência e riscos ocultos, como manipulação de algoritmos, falta de segurança e efeitos devastadores sobre os mais vulneráveis, estão sendo divulgadas sem a devida cautela.
Seria mais lógico adoptar uma abordagem dura às apostas, dando prioridade à protecção da população contra os perigos do endividamento e da exploração pelas empresas de jogo. Ao mesmo tempo, o IA deve ser vista como uma oportunidade para o Brasil, justamente nesse campo. O equilíbrio entre inovação e proteção social é crucial e, neste caso, parece ser tratado de forma distorcida.
Este cenário complexo expõe um dilema moral e económico: enquanto o governo procura uma forma de regulação e tributa a prática, o impacto devastador sobre os mais vulneráveis é alarmante, criando uma espiral de dívidas e perdas sociais.
Problemas invisíveis e riscos cibernéticos
Esta indústria esconde um lado negro. Os algoritmos usados em sites “apostas” pode prejudicar os jogadores de diversas maneiras:
O problema é agravado pela facilidade com a utilização generalizada de smartphones, que permite apostar 24 horas por dia, 7 dias por semana, em “cassinos virtuais móveis”, Isso leva a um ciclo viciante e prejudica a saúde mental. A excitação do jogo e a expectativa de retornos financeiros rápidos estimulam áreas do cérebro relacionadas ao vício e à dependência. Nesse momento, o corpo libera dopamina, neurotransmissor que gera sensação de prazer.
Acreditar que apostar é uma forma de investimento faz com que os jogadores continuem apostando. Os resultados das apostas são imprevisíveis e sujeitos a manipulação. Diferentemente dos investimentos, nos quais você tem maior controle para calcular riscos e tomar decisões. A verdade é que, nas apostas, perde-se mais do que ganha, porque há manipulação de algoritmos, falta de transparência e risco de vício.
As configurações do algoritmo podem levar uma pessoa a obter pequenos ganhos inicialmente, incentivando-a a fazer apostas maiores. Você acha que está no controle. Eventualmente, os resultados são alterados e os jogadores perdem quantias maiores.
As apostas online têm, em alguns casos, algoritmos desconhecidos, sites ilegais e manipulação de resultados. A ciência das apostas online é frequentemente programada para maximizar o tempo de permanência do usuário e encorajar apostas contínuas. Os algoritmos estudam padrões de comportamento para garantir que o jogador continue apostando e isso se torna um ciclo viciante. Sem contar que os esportes, por exemplo, são imprevisíveis e dependem de diversos fatores. Não tem como ser perfeito!
Existem maneiras, com a própria tecnologia, de prevenir fraudes e manipulações, mas as empresas operam sem supervisão. Sites ilegais retêm informações importantes, como o funcionamento dos algoritmos e a segurança de suas transações. Isto significa um risco não só para as finanças dos jogadores, mas também para a sua privacidade e segurança dos dados. Há um grande volume de informações pessoais e até financeiras circulando nesses aplicativos, abrindo caminho para violações e fraudes.
Além disso, o dinheiro gasto em apostas sai da economia real, afectando o consumo e a subsistência das famílias. Sem falar que os sites de apostas, virtuais ou não, podem contribuir para a corrupção e a lavagem de dinheiro.
Questão Mundial
O Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o ludopatia como doença (jogo patológico) ou mania de jogos de azar e apostas. Ludopatia é a compulsão para jogar. Mesmo com perdas financeiras e sofrimento emocional, a pessoa continua apostando. Segundo o Ministério da Saúde, 1,5% da população brasileira sofre de transtorno de dependência de jogos de azar. Embora muitas pessoas encarem essa prática como recreativa, o número de casos de dependência só aumenta.
O Brasil É o país do futebol. Ainda é, eu acredito! Mas o futebol está enraizado na nossa cultura popular, o que faz com que as apostas em jogos desportivos não sejam uma ameaça. Há uma falsa sensação de segurança. Muitos apostadores desportivos acreditam que as suas apostas são motivadas mais pelo conhecimento e habilidade do que pela sorte, o que cria uma ilusão de controlo imensamente perigosa.
O aumento das apostas, tanto em plataformas online como físicas, tem levantado sérias questões em diferentes esferas da sociedade. Problemas como conflitos (brigas) nos games, graves perdas financeiras e desestruturação familiar são realidades enfrentadas por muitas pessoas que se envolvem nesse universo.
O uso indevido da tecnologia, nesses casos, é agente de destruição da pessoa, da família e da sociedade. Uma série de fatores aqui expostos criam um ambiente onde o jogador está sempre em desvantagem e as empresas de apostas lucram com a vulnerabilidade e o vício das pessoas.