“Quais os melhores lugares para visitar em São Thomé das Letras?”. Uma pergunta simples que, em menos de um minuto, o Bate-papoGPT Já trouxe uma breve descrição da cidade e dos dez melhores pontos turísticos da cidade do interior de Minas Gerais. Porém, a pesquisa pode ser muito mais aprofundada, com dicas de hospedagem, restaurantes e que roupa usar, dependendo da época do ano.
O uso da inteligência artificial tem entrado cada vez mais no campo do turismo. Seja na automação de atividades para empresas ou na autogestão de um guia turístico, é impossível negar que IAs cuidamos de diversas atividades quando falamos em montar uma viagem.
Durante o Congresso Sun&Blue, em novembro de 2023, a consultora executiva da Área de Inteligência Turística de Turismo y Planificación Costa del Sol, Lourdes Navarrete, afirmou que “temos e devemos utilizar a inteligência artificial no pré-viagem, viagem e pós- fases da viagem. viajar para melhorar a experiência do usuário em sua viagem”.
IAs em empresas de turismo
O sócio da agência Mèrola e especialista em turismo e tecnologia, Eduardo Peluzo, explica que o IAs já são utilizados no mercado turístico há alguns anos, mas de forma mais comedida, na automatização de alguns serviços: “[Temos] assistentes virtuais, o chatbot, com destaque principal para o Bate-papoGPT consegue dar suporte 24 horas aos clientes e tirar dúvidas de forma mais humanizada sobre possíveis dúvidas e recomendações de viagens.”
Outro ponto de destaque são suas utilizações para previsão de demandas, análise de dados de clientes, precificação, textos para redes e montagem de cronogramas, o que auxilia pequenas empresas com poucos funcionários nas atividades cotidianas.
Contudo, mais recentemente, alguns IAs foram aplicados no processo de montagem dos roteiros. Para Eduardo, esse uso é visto como um “diferencial”, pois entrega “roteiros sob medida, proporcionando uma experiência verdadeiramente exclusiva que proporcionará momentos mais memoráveis aos clientes, deixando-os mais satisfeitos”.
Uma experiência ainda melhor é criada para os usuários quando a tecnologia é utilizada de forma catalogada, podendo filtrar os destinos mais recentes e entregar novas sugestões com base em seu histórico. “A inteligência artificial está tendo um grande impacto nessa personalização justamente porque consegue analisar os dados dos clientes de forma mais detalhada e aprofundada. Desta forma, consegue produzir roteiros personalizados e adequados a determinados perfis.”
IAs na criação de itinerários personalizados
A mestranda em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Layrane Santos, acrescenta “a facilidade que permite ao viajante pesquisar informações sobre o local para onde vai, e criar um roteiro turístico para ele”.
Porém, o acadêmico afirma que isso é apenas planejamento, pois mesmo que a inteligência artificial consiga entregar roteiros incríveis e detalhados, ela ainda é falha, com informações que podem estar desatualizadas e sem dicas cruciais que uma pessoa pudesse dar, como locais e hábitos que devem ser evitados, por exemplo.
Layrane diz: “Até que ponto a informação é realmente fiel à realidade? Por exemplo, se eu fizer um percurso, e colocar o ritmo forte dos Reis Magos até ao Museu da Rampa, que fica na Ribeira [no Rio Grande do Norte]. Se eu colocar [no Google], o site me diz que o trânsito leva 10 minutos. Porém, não é por questões de ritmo da cidade, algo que a inteligência artificial não conhece como os guias”.
“Eu posso colocar [a IA] para gerar esse roteiro turístico para mim de quais lugares. Insira a quantidade de dias, valores e tudo mais. Então acaba sendo benéfico para mim, porque estou criando meu próprio roteiro e posso adaptar o que quero ou não fazer. Como turista posso fazer tudo isto sozinho”, explica o académico.
Eduardo corrobora a afirmação do colega, afirmando que um grande prejuízo é a não sugestão de passeios pouco conhecidos, integração na comunidade local e maior apoio aos pequenos produtores. Essas automações não conseguem preencher a lacuna entre o viajante e as comunidades locais, deixando-as com um roteiro pelos pontos mais famosos e comerciais da cidade.
Aplicação na vida cotidiana
Um exemplo de como as IAs têm sido utilizadas está no Gramado Blog, empresa turística que utiliza as ferramentas para auxiliar no atendimento ao cliente. Segundo Lucas Castilhos, cofundador e CEO do Roterin — aplicativo voltado para a criação de roteiros — seu uso tem sido focado em levar uma melhor experiência aos viajantes.
Porém, Lucas afirma que os principais desafios são a confiabilidade das informações disponíveis na internet. “Usamos isso como apoio para a tomada de decisões, mas ele não toma decisões por nós. A confiabilidade das informações é um desafio, mas resolvemos isso através do nosso algoritmo, implementando algumas regras de filtragem para resolvê-lo.”
Para Lucas, a tecnologia caminha para “aumentar a integração em tempo real”. Segundo ele, é fundamental trazer informações que não são repassadas há muito tempo, como é feito atualmente.
“Horários de abertura e fechamento dos locais, dias que ficam abertos, preços atualizados dos locais, são tudo coisas um pouco mais complexas, mas que já resolvemos internamente. Contudo, há questões mais complexas para resolver, como alterações na inflação, sazonalidade do Turismo, informações de consumo, como, por exemplo, se as crianças de uma determinada idade pagam e qual o valor num determinado local. Isso muda muito”, explica Lucas.
O CEO explica que o aplicativo tem ajudado as pessoas a planejar e compartilhar experiências, trazendo o lado mais “humano” que uma viagem precisa.