Cara ruim
Pulse Drive S-Design combina visual mais agressivo com melhor custo/benefício
por Eduardo Rocha
Imprensa automática
O mercado brasileiro atualmente tem uma certa obsessão por SUVs. E os dados mostram isso claramente. Em números aproximados, foram quase 850 mil carros matriculados no primeiro semestre de 2024, 13% a mais que no mesmo período do ano passado. Destes, pouco mais de 300 mil, ou 36%, são hatchbacks subcompactos ou compactos – modelos de entrada que são consumidos por quem tem pouca escolha e compra o que pode pagar. Restam 550 mil unidades, ou 64% do total. Desse subtotal, 400 mil unidades, ou 72%, são SUVs. Não é por acaso que as marcas vêm investindo em variações do tema, criando subsegmentos. Na base desse mercado estão os SUVs B-, ou pequenos, onde atua o Fiat Pulse Drive 1.3 CVT, que na versão testada trouxe o pacote visual S-Design.
A configuração Drive é a mais vendida da gama de SUVs pequenos da Fiat, com 52% do total. Um terço deles, ou 17%, possuem transmissão manual e dois terços, ou 35%, possuem transmissão CVT. Somente este último, com câmbio automático, pode receber o pacote S-Design, que aumenta o preço de R$ 112.990 para R$ 117.990. Esses R$ 5 mil parecem vantajosos pelos equipamentos que agrega, o que é bastante desejável hoje em dia. A começar pela chave presencial para fechaduras e ignição, com acionamento remoto do motor via chave, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré, carregador de celular por indução e rodas de liga leve de 16 polegadas escurecidas. Apenas o Pack Plus, opcional para a versão Drive, custa R$ 2.890 e inclui rodas, câmera e sensor traseiro.
Do lado visual, o modelo traz placa protetora escurecida, inscrição S-Design nas laterais e logos Fiat escurecidos. Também em preto estão a grade, o teto, o spoiler traseiro e as capas dos retrovisores. O interior tem acabamento em tons escuros com detalhes em preto e cinza brilhante e a tela da central multimídia aumenta de 8,4 para 10,1 polegadas e agora conta com GPS nativo. Ele também possui espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay. Além dos itens do pacote S-Design, o modelo vem de série com ar-condicionado automático, faróis, luzes diurnas e lanternas traseiras em LED, console central com apoio de braço e vidros e retrovisores elétricos.
Sob o capô, o modelo traz o tradicional motor Firefly 1,33 litro, que produz 98 cv com gasolina e chega a 107 cv com etanol, com torque entre 13,2 e 13,7 kgfm. O câmbio CVT vem com sete marchas pré-programadas, que direcionam a potência para as rodas dianteiras e ainda conta com modo de direção Sport, acionado por um botão vermelho instalado no volante, que altera o mapeamento da caixa de câmbio para ganhar mais impulso.
A transmissão também conta com outro recurso muito interessante: o Traccion Control Plus, ou TC+. Trata-se de um sistema eletrônico de travamento do diferencial, que controla a patinagem das rodas para lidar com situações de falta de aderência. É aplicado apenas em baixas velocidades, pois quando funciona desativa o controle de estabilidade. Em termos de segurança, de fato, o SUV não oferece nenhum sistema avançado de assistência ao motorista, ADAS na sigla em inglês. Além dos itens obrigatórios, como ABS, controle de estabilidade de tração e airbags frontais, conta apenas com airbags de cortina e sensor de pressão dos pneus (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho – O motor Firefly 1.3 de quatro cilindros nunca foi exuberante, mas também não entedia ninguém ao volante. Basta se familiarizar com as reações do câmbio CVT para extrair do Pulse um comportamento mais ágil e agradável. Ao apertar o botão Sport no volante, o modelo atrasa a troca de marchas pré-programadas e ganha certa agressividade, mas sem grandes emoções. Nota 7.
Estabilidade – O Pulse utiliza suspensão mais suave para amenizar o impacto com a má pavimentação de ruas e estradas – que neste momento específico tende a melhorar devido à proximidade das eleições municipais. Esse arranjo sacrifica um pouco o controle corporal, mas oferece melhor qualidade de vida a bordo. A rolagem lateral nas curvas ocorre de forma aceitável, sem exigir correções de trajetória. Nota 7.
Interatividade – O painel é simples e funcional. Possui uma pequena tela configurável de 3,5 polegadas com informações básicas do computador de bordo. Possui ainda espelhamento sem fio e GPS interno na central multimídia, com tela táctil flutuante de 10,1 polegadas. Além disso, os controles ficam nos locais tradicionais, o que facilita a interação. A versão também traz chave presencial, sensor traseiro com câmera traseira. O volante é ajustável apenas em altura. Nota 8.
Consumo – Segundo o Inmetro, o Fiat Pulse Drive 1.3 AT é o mais econômico da linha. O instituto registrou médias urbanas de 8,8 e 12,5 km/l e médias rodoviárias de 10,6 e 14,5 km/l, respectivamente com etanol e gasolina. São resultados um pouco melhores com a gasolina e piores com o etanol do que os apresentados na linha 2023, mas ainda assim ganha nota A na categoria – no geral, a nota foi C. Nota 8.
Conforto – A suspensão macia e os pneus de perfil 60, com 11,7 cm de lateral, ajudam a suavizar o passeio. Os bancos são confortáveis, têm bom apoio lateral e suportam bem o corpo de quem está à frente. O motor Firefly não é dos mais barulhentos e o isolamento da cabine é bom para aerodinâmica e ruído da estrada. Nota 9.
Tecnologia – A arquitetura do Pulse foi desenvolvida a partir da plataforma MLA, original do Argo, e compartilha partes estruturais com o hatch – como molduras das portas e tampa do porta-malas. O motor Firefly é relativamente recente e apresenta um bom equilíbrio entre eficiência e dinâmica. A conectividade da central Uconnect é uma das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphone sem fio, com tela de 10,1 polegadas na versão S-Design. Nota 8.
Habitabilidade – Por dentro, o Pulse tem as mesmas dimensões do Argo, mas com teto mais alto – na verdade, com piso rebaixado. Isso se traduz em melhor aproveitamento da área interna, com bom espaço para pernas, cabeça e ombros, principalmente na parte frontal. O acesso é facilitado pela boa altura do veículo e o porta-malas, com 370 litros, tem tamanho compatível com o segmento. Nota 8.
Acabamento – A Fiat utiliza texturas e padrões agradáveis, mesmo sem recorrer a materiais refinados. No caso da versão S-Design, os revestimentos em tons escuros mostram cuidado no acabamento e bom gosto na combinação. As linhas horizontais realçam a largura do modelo e criam a impressão de maior amplitude na cabine. O volante de plástico, sem forro de couro, causa uma impressão negativa. Nota 7.
Design – O visual do Pulse segue o conceito iniciado com o Argo e é bastante bonito, mas sem ser ousado. Na versão S-Design, há um benefício pela pintura bicolor e detalhes em preto – contrastando com a pintura branca. Depois de três anos no mercado, ainda não dá sinais de cansaço. Traz volumes e linhas equilibradas que combinam formas orgânicas e geométricas. Nota 8.
Custo/benefício – O Fiat Pulse S-Design tem preço um pouco superior às versões de entrada de rivais como o Renault Kardian e o Citroën C3 Aircross, mas um pouco abaixo do preço pedido pelo Volkswagen Nivus. Esta escala, de alguma forma, corresponde ao nível de equipamento de cada pessoa. Não há, portanto, nenhum negócio ocasional na tabela oficial. A premissa do segmento B é oferecer custo/benefício favorável e acabam sendo equivalentes. Nota 7.
Total – O Fiat Pulse Drive 1.3 AT S-Design marcou 77 pontos em 100 possíveis.
Impressões de condução
Objetivo prático
O pacote S-Design aplicado ao Pulse Drive 1.3 AT complementa bem o modelo, agregando algumas qualidades desejadas no segmento, como chave facial, carregador de celular por indução, sensor e câmera de ré. O visual esportivo chama a atenção e melhora a percepção do carro. Além disso, possui as qualidades intrínsecas ao pequeno SUV da Fiat, com bom espaço para ocupantes e bagagem, conforto e praticidade.
Dinamicamente, esse Pulse conta com o motor básico da linha: 1.3 aspirado com 98/107 cv e 13,2/13,7 kgfm com gasolina/etanol. Ou seja: não impressiona ninguém, nem positiva nem negativamente. O comportamento é correto e com a convivência é possível explorar melhor a boa relação entre câmbio e motor. Essa transmissão CVT tem um software bastante moderno e quase não entorpece as reações do carro. E o modelo também conta com o modo Sport, que dá mais vigor à aceleração. A vocação de carro familiar do Pulse também aparece na suspensão, que é macia, mas não compromete a estabilidade do carro, apenas o centro de gravidade elevado. Mesmo em altas velocidades, a tendência de rolar nas curvas e flutuar nas retas é sutil.
Embora o pacote S-Design aumente o preço final e tire um pouco da competitividade do Pulse, ele ainda tem um bom custo-benefício e torna o modelo tão completo – tanto que a versão nem tem opções. Um ponto positivo é que, mesmo sendo essencialmente um crossover de asfalto, ele tem um recurso bastante eficaz para quem quer curtir um SUV, que é o TC+, um limitador de deslizamento diferencial eletrônico – uma evolução do antigo e-locker, de as versões de aventura. da Fiat.
Ficha de dados
Fiat Pulse S-Design 1.3 AT Flex
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 1.332 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando de válvulas único no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.
Transmissão: Automática continuamente variável, CVT, com sete marchas à frente e uma à ré pré-programadas. Tração dianteira com sistema de travamento eletrônico TC+.
Potência: 98 cv a 6.000 rpm com gasolina e 107 cv a 6.250 rpm com etanol.
Torque: 13,2 kgfm a 4.250 rpm com gasolina e 13,7 kgfm a 4.000 rpm com etanol.
Diâmetro x curso: 70,0 x 86,5 mm.
Taxa de compressão: 13,2:1.
Aceleração 0-100 km/h: 12,2/11,4 segundos com gasolina/etanol.
Velocidade máxima: 173/177 km/h com gasolina/etanol.
Carroceria: Veículo utilitário esportivo com quatro portas e cinco lugares. Medindo 4,10 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,58 m de altura e distância entre eixos de 2,53. Altura mínima do solo de 18,8 cm. Ângulo de 20,3º de ataque e 31,4º de saída. Airbags frontais e laterais de série.
Suspensão: McPherson dianteira com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.
Freios: Disco dianteiro ventilado de 257 mm de diâmetro com pinça flutuante. Tambor traseiro com ajuste automático. ABS com controle de partida em subida e controle de estabilidade.
Pneus: 195/60 R16.
Peso: 1.187 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.
Porta-malas: 370 litros.
Lançamento da versão: agosto de 2023.
Capacidade do tanque de combustível: 37 litros
Produção: Betim, Minas Gerais.
Preço: R$ 117.990.
Preço da unidade testada: R$ 118.980.