Quando falamos em veículo familiar, durante muito tempo, os sedãs médios e as peruas – as famosas station wagons – disputaram espaço nas garagens dos brasileiros, pois geralmente agregavam o que se busca em um bom carro familiar: espaço interno e porta-malas generoso, conforto e boa tecnologia, seja por segurança ou comodidade.
Atualmente as premissas para esse tipo de veículo continuam as mesmas, o que mudou é exatamente o modelo de moda. As peruas foram completamente extintas, enquanto os sedãs médios seguem o mesmo caminho, caindo nas vendas a cada passo. O que tomou o seu lugar foram os SUVs, especialmente os compactos.
A categoria é relativamente nova, surgiu em 2003 com o Ford EcoSport e só teve seu segundo representante apresentado em 2011, com o Renault Duster. Mas foi a partir de 2015, com o lançamento de modelos como o Jeep Renegade, Honda HR-V, Peugeot 2008 e inúmeros outros nos últimos anos, que o segmento se tornou o preferido dos brasileiros.
Mais antigo do grupo, o Duster sempre focou na relação custo-benefício em relação aos rivais. Porém, havia um ponto gritante: a ausência de airbags além do exigido por lei. O que finalmente foi corrigido, como vimos na versão top de linha Iconic, nosso “Teste do Ano”.
Meio da mesa
Quando o número de rivais cresceu, o Duster meio que se tornou o patinho feio do grupo. Para tentar fazer frente aos concorrentes que chegam, a Renault decidiu apostar no bom custo-benefício. Olhando para os modelos mais caros da categoria atualmente, até tenta manter essa proposta, mas o SUV está longe de ser um dos menos caros atualmente.
A versão top de linha do Duster, o Iconic, custa R$ 157.990. Longe dos modelos mais caros do segmento, como HR-V e seus insanos R$ 199.800, Hyundai Creta (R$ 187.890), Volks T-Cross (R$ 175.990), Renegade (R$ 179.990) e Chevrolet Tracker ( R$ 175.990). Ele tem valores próximos ao Fiat Fastback (R$ 159.990) e ao Nissan Kicks (R$ 153.690) e é mais caro que o Citroën C4 Cactus (R$ 141.990) e o Caoa Chery Tiggo 5X (R$ 146.990).
Nos detalhes
O Duster recebeu uma grande reformulação em 2020, que mudou significativamente sua aparência e criou o Outsider Pack (que pode ser adquirido por R$ 1.800 e estava presente na versão que testamos). Para a linha 2024, a Renault fez poucas intervenções visuais, para dizer que não fez nenhuma alteração, adicionou pequenos detalhes laranja na carroceria e na cabine.
Por fora, o tom é visto no nome do modelo no bagageiro e na versão na grade, além de um pequeno friso nos retrovisores externos, que são em preto brilhante. A cor também é vista nos protetores laterais, que são acrescentados pelo pacote Outsider. Além deles, o kit extra adiciona airbumps aos para-choques com luzes auxiliares.
No interior, o laranja é visto nas costuras dos bancos e no forro das portas. Além disso, ganha console central elevado com nicho, em vez de apoio de braço. Fora isso, tudo é igual, inclusive o simples painel de instrumentos, que continua muito básico. A cabine utiliza plástico rígido, mas todas as peças estão bem encaixadas e sem rebarbas.
Outro ponto sem alteração, este positivo, é o espaço interno, um dos melhores, senão o melhor, da categoria. Até três adultos não ficam muito apertados no banco de trás, claro que dois são muito mais confortáveis, mas mesmo com carga total dá para viajar sem ficar muito apertado. O porta-malas, com generosos 475 litros, também merece destaque.
Finalmente, uma melhoria
Quando apresentou o facelift do utilitário compacto em 2020, a principal crítica que a Renault recebeu foi a não adoção de bolsas mais protetoras. Para a linha 2024, a empresa francesa finalmente traz o Duster para a era moderna ao passar a utilizar seis airbags. Outras novidades são faróis e lanternas traseiras de LED e a adição de duas portas USB.
Com isso, a lista de equipamentos do Duster fica finalmente bem abastecida e verdadeiramente ideal para um veículo familiar. Possui ar-condicionado digital, banco do motorista com altura regulável e banco traseiro bipartido e carregador por indução para celular.
Ainda entre os itens de conforto, o SUV vem com sistema Start&Stop, chave sensorial tipo cartão, botão start e central multimídia com tela de oito polegadas e espelhamento sem fio com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay.
Em termos de segurança, além dos seis airbags e dos faróis e lanternas traseiras, o Duster conta com sistema “Multiview” com quatro câmeras (dianteiras, traseiras e laterais), alerta de ponto cego, crepuscular, chuva e sensores de estacionamento e luzes de estacionamento. Circulação diurna LED.
ponto alto
A grande estrela da versão topo de linha do Duster está sob o capô. O utilitário esportivo vem com o moderno e potente motor TCe 1.3 turbo com 170 cavalos no etanol e 162 na gasolina e 27,5 kgfm de torque nos dois combustíveis, aliado a câmbio automático CVT e direção elétrica.
A caixa de força turboalimentada torna a condução divertida e segura. A condução é otimizada, com manobras como ultrapassagens, saídas e novas acelerações sendo realizadas sem maiores dificuldades e com muita segurança. O menor toque no acelerador faz o SUV decolar, tornando a condução divertida, mesmo com a transmissão CVT, que é um caso diferente.
A transmissão combina bem com o motor e não pasteuriza a caixa de força, como é comum nessas relações. Os 162 cavalos de potência e o alto torque funcionam bem com a caixa de câmbio, que não lembra nem remotamente os CVTs comuns. As respostas são rápidas, algo raro nessas caixas, e respondem bem aos comandos do acelerador, deixando o SUV inteligente e “nas mãos” do motorista.
Outro ponto positivo é o isolamento acústico, que funciona bem para evitar a transmissão excessiva de ruídos para dentro da cabine. A Renault utilizou até uma manta na parte interna do capô, algo raro mesmo em modelos mais caros. Além disso, o câmbio responde rapidamente, evitando que faça muito barulho, algo típico dos CVTs.
A direção também é otimizada com a direção elétrica, que deixa o volante mais leve em baixas velocidades e mais firme em altas velocidades, o que auxilia nas manobras para estacionar e deixa o veículo mais seguro na estrada. A suspensão também funciona bem, não transmitindo para a cabine as inúmeras imperfeições do solo.
O consumo era normal, pouco econômico, nem consumo excessivo de álcool. Com a alta capacidade de aceleração, o motor “instiga” o motorista a acelerar, o que acaba aumentando o consumo de combustível. No geral, durante nosso teste nas ruas de Brasília, ele marcou 10,2 km/l, comum entre SUVs compactos turboalimentados.
A opinião do Diário Motor
O Duster, desde a sua criação, sempre buscou uma relação custo-benefício interessante, principalmente após o aumento da concorrência. Mas com o passar do tempo cansou-se, tanto na aparência como na lista de equipamentos, e perdeu espaço. Com a reforma realizada em 2020, o design, os itens e os motores melhoraram.
Mas havia a questão dos seis airbags e de um ou outro detalhe. Com essa correção de rumo, o Duster volta a ter uma boa relação custo-benefício, mesmo custando quase R$ 160 mil, mas quando comparado a outros modelos que combinam uma boa lista de equipamentos com motores turboalimentados, ainda fica bem abaixo do relação preço. . Com isso, vale a pena a compra! Avaliação: 9.
Ficha de dados
Motor: 1.3 turbo
Força maxima: 170/162 cv
Torque máximo: 27,5kgfm
Direção: elétrico
Suspensão: independente na frente e semi-independente na traseira
Porta-malas: 475 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.683 x 1.822 x 4.376 x 2.674 mm
Preço: R$ 157.990