Um passo a frente
Confirmada no Brasil em 2025, tecnologia híbrida para SUV da Toyota aponta para o futuro
por Elkin Chávez
Autocosmos.com/Colombia
Exclusivo no Brasil para Auto Press
A Toyota já deixou claro que não acredita que os carros 100% elétricos serão hegemônicos num futuro próximo. Embora possam representar uma pequena parcela das vendas, o foco da fabricante estará nos modelos híbridos. No Brasil, a marca segue essa estratégia com a linha Corolla, sedã e Cross, que oferece versões convencional e híbrida, com o importado RAV4, que é híbrido plug-in, e se prepara para iniciar a produção no Brasil de seu primeiro SUV compacto , o Yaris Cross, também com versões convencional e híbrida. O crossover chega ao mercado no início de 2025, mas já está presente em diversos outros mercados, como a Colômbia, onde já é vendido o modelo avaliado, basicamente igual ao que será produzido no Brasil.
O SUV compacto da Toyota deve estrear uma nova família de motores no Brasil, um motor 1,5 litro aspirado flex, de três cilindros, como o que movimenta o modelo em outros mercados ao redor do mundo. Na versão híbrida, é de ciclo Atkinson e produz 90 cv de potência com 12,2 kgfm de torque, aliado a motor elétrico dianteiro, com 79 cv e 14,4 kgfm – em alguns mercados, há a opção de motor elétrico pequeno traseiro , com 5,3 cv e 5,3 kgfm de torque, que dificilmente chegará ao Brasil. A potência combinada é de 116 cv e o pacote é gerenciado por uma transmissão eCVT. O conceito da versão híbrida é semelhante ao da linha Corolla: a bateria de 0,7 kW proporciona autonomia elétrica de cerca de 3 km. O desempenho também é modesto, com aceleração de zero a 100 km/h em 11,2 segundos e máxima de 170 km/h.
O Yaris Cross é configurado na plataforma TNGA-B, voltada para veículos urbanos, e possui visual que transmite claramente a ideia de robustez. Suas linhas bem proporcionadas emolduram um corpo que visualmente parece muito mais longo que o do hatch, embora o Cross seja apenas 2,7 centímetros mais longo, com 4,20 metros. Em altura, ela é bem mais alta e a diferença é gritante, 10,5 cm a mais, com 1,59 m. A distância entre eixos é de 2,56 m, enquanto a largura é de 1,77 m. Além disso, o SUV híbrido é favorecido pelas atraentes jantes de alumínio de dois tons de 17 polegadas. Mais do que um SUV familiar, é preciso valorizar o Yaris Cross como um crossover urbano muito elegante, pois possui visual e charme que o diferenciam da multidão de SUVs do mercado.
Uma particularidade do Toyota Yaris Cross é que ele possui uma cabine com aparência bem mais conservadora do que a carroceria proposta. Aqui, conceitualmente, esse crossover/SUV não difere muito do Yaris produzido atualmente no Brasil, que segue um critério muito mais funcional e prático, sem focar muito no requinte de linhas e materiais. Em relação ao espaço interno, apesar da boa distância entre eixos, o uso ideal do Yaris Cross é com quatro ocupantes. O quinto ocupante, além de causar cólicas generalizadas, sofre com o túnel de transmissão.
Como um bom crossover, o Yaris Cross preza pela versatilidade. Os encostos rebatíveis dos bancos traseiros, na proporção 40/20/40, ampliam o espaço do porta-malas de 397 litros, que já são interessantes, para 1.097 litros. Além disso, possui piso duplo no compartimento de carga que é muito prático, com espaço para acomodar objetos que você não quer deixar à vista. Embora haja muito revestimento plástico na cabine, tons e texturas se misturam para que o conjunto fique bonito e tenha um toque muito bom.
Os bons ajustes do banco do condutor, a consola central relativamente alta e o inestimável apoio dos retrovisores laterais oferecem ao Yaris Cross uma posição de condução com boa visibilidade frontal e lateral. Por outro lado, a linha ascendente das colunas traseiras, o design da tampa do porta-malas e dos encostos de cabeça comprometem a visão traseira. Os equipamentos de bordo seguem o padrão vigente no segmento e a central multimídia é extremamente prática na hora de configurar um celular. Embora a tela de 8 polegadas da unidade de controle utilize uma interface com gráficos muito simples, os controles e botões facilitam muito o uso.
No quesito segurança, o colombiano Yaris Cross conta, desde as versões de entrada, monitoramento de pressão dos pneus, assistente de partida em subidas, monitor de ponto cego e oito airbags – além de itens obrigatórios como ABS, controles de estabilidade e tração. Na versão mais completa, a lista acrescenta itens do Toyota Safety Sense como controle de cruzeiro adaptativo, sistema de pré-colisão com reconhecimento de veículos, pedestres e ciclistas, alerta de saída de faixa e alerta de tráfego cruzado traseiro e farol alto automático. Todo o sistema de iluminação é LED.
As versões flex-fuel do Yaris Cross provavelmente competirão com os crossovers mais acessíveis do mercado, como o Fiat Pulse, o Renault Kardian e o Volkswagen Nivus. As versões híbridas competiriam com SUVs compactos convencionais que atuam no topo do segmento, como Honda HR-V e Volkswagen T-Cross. No segmento, o único modelo que conta com alguma tecnologia de eletrificação é o Caoa Chery Tiggo 5X, um híbrido moderado de 48 V que custa aproximadamente R$ 150 mil. As versões de entrada do Yaris Cross híbrido também devem ficar em torno desse valor, ainda que a tecnologia do modelo Toyota seja mais sofisticada. Utiliza um sistema de 580 V que movimenta o carro com eficiência e proporciona substancial economia de combustível – com médias superiores a 22 km/l (fotos publicitárias).
Impressões de condução
Versátil em forma e função
Não há dúvida de que o SUV compacto da Toyota foi projetado para trilhas urbanas. O Yaris Cross desloca-se com extrema destreza em ruas congestionadas e estreitas, favorecido pela rápida reação da sua aceleração e pelo bom raio de viragem (10,6 metros). E as reações dos motores adaptam-se bem a diferentes situações e o condutor pode até ajustar um dos quatro modos de condução (Eco, Normal, Power e EV) para que a dinâmica correta seja implementada, sem maiores problemas.
Embora a potência disponível seja relativamente modesta, o crossover desliza suavemente a velocidades entre 120 e 130 km/h. No entanto, a gestão solidária e altamente sincronizada do motor de combustão com o sistema híbrido permite ao Yaris Cross ter bons arranques e progredir a bom ritmo quando é necessário um pouco mais de potência, como nas ultrapassagens.
Como é padrão nos carros elétricos, o conta-rotações é substituído no painel por uma agulha que indica quando a dirigibilidade está ideal (ECO), quando o carro necessita de energia do motor de combustão (PWR) ou quando a frenagem regenerativa recarrega a bateria (CHG). . O truque aqui é poder sempre permanecer na zona verde. No teste, o consumo médio foi de 22,7 km/litro.
No manuseio, o Yaris Cross não é muito reativo, pois aqui o critério é funcional e prático. Por outro lado, o gerenciamento da transmissão e-CVT é muito progressivo e certamente parece muito mais responsivo no modo Power. Em qualquer caso, a condução é agradável e até divertida se o foco estiver na tranquilidade proporcionada pelos travões muito eficientes e pela assistência de bordo. Outro ponto que nos chamou a atenção foi como o motor de três cilindros faz barulho e entra na cabine sem nenhuma cerimônia – com o modo elétrico sendo desativado a 50 km/h.
Quanto à suspensão, o Yaris utiliza o esquema mais simples e robusto: suporte McPherson na dianteira e barra de torção na traseira, com barra estabilizadora nas duas extremidades. A configuração se adapta muito bem em ruas urbanas decentes e rodovias, mas não se sai tão bem em superfícies irregulares. Ao final, o SUV/crossover compacto da Toyota mostrou-se uma proposta atrativa que certamente gerará um grande volume de vendas para a marca quando chegar ao Brasil. Mesmo que chegue com um atraso considerável.