Respiração da modernidade
Novo SUV Peugeot tem visual e recursos modernos, mas é caro e não tem motor
da Editora
Imprensa automática
A apresentação da nova geração do SUV compacto Peugeot 2008 é um bom exemplo de como funciona atualmente a holding Stellantis. Antes da fusão do Grupo PSA, liderado pela francesa Peugeot, com o Grupo FCA, liderado pela italiana Fiat, as empresas atuavam de forma oposta em relação ao mercado. Enquanto a Fiat era ágil e lançava modelos e versões de forma rápida e oportuna, a Peugeot mantinha uma defasagem entre os novos produtos apresentados nos mercados centrais, como a Europa, e os mercados periféricos, como a América do Sul, até que os investimentos fossem amortizados.
Com a criação da Stellantis, sediada na Holanda, houve uma mistura de antigos ritmos franceses e italianos. Na prática, o A Peugeot manteve a primeira geração do 2008 no mercado até 2023, ou quatro anos após o lançamento da segunda geração na Europa, em 2019. O SUV compacto só chega agora ao Brasil, pouco depois de receber seu facelift de meia-idade. Pelo menos por enquanto, o 2008 atualizou a estética em relação à Europa.
O novo 2008 está sendo produzido na fábrica argentina de El Palomar, a mesma que produz o hatch 208. E traz um diferencial fundamental em relação ao produto original francês: o motor turbo GSE T200, criado na fase FCA – o mesmo utilizado nos modelos Fiat Pulse, Strada e Fastback. É um motor 1.0 de três cilindros, com injeção direta, turboalimentado e com comando de válvula de admissão substituído pelo sistema Multi Air.
Nas versões que chegam ao Brasil, recebe tecnologia flex e produz 125/130 cv com gasolina/etanol, sempre com 20,4 kgfm. A transmissão é sempre do tipo CVT e pode simular sete marchas que passam pela alavanca ou paddle shifts, dependendo da versão.
O modelo inaugurou a moderna arquitetura CMP – plataforma modular comum –, atualmente utilizada em modelos da Opel, Jeep, DS e Alfa Romeo, entre outras marcas do grupo. Em relação à primeira geração 2008, o novo SUV é 15 cm maior, com 4,31 metros, e 4 cm mais largo, com 1,78 m, e tem entre-eixos 7 cm maior, com 2,61 m, mas ficou 3 cm mais curto, com 1,55 m. m. O porta-malas passou de 402 para 419 litros e o tanque de combustível reduziu de 55 para 47 litros.
O modelo chega ao mercado brasileiro em três versões: Active, Allure e GT. As diferenças entre eles limitam-se ao conteúdo e aos detalhes estéticos. O Active custa R$ 139.990 na preta e R$ 141.990 nas demais. E conta com ar condicionado digital, sensor de luz e chuva, freio de estacionamento e trio elétrico e câmera e sensor de ré.
O Allure intermediário (R$ 149.990/R$ 151.990) acrescenta acabamento em couro sintético, câmera 360º, alerta de ponto cego, retrovisores externos rebatíveis e carregador por indução.
O GT topo de linha (R$ 169.990/R$ 171.990) acrescenta pintura bicolor, iluminação em LED, painel digital 3D, teto solar panorâmico, grade pintada na cor da carroceria e pacote ADAS, com alerta de colisão com frenagem automática de emergência, farol alto automático, farol alto feixe assistido, detector de fadiga, leitor de placas de velocidade e monitoramento de faixa.
O modelo apresenta a nova linguagem de design da marca, incluindo a grade sem moldura, o DRL de três garras e o novo logotipo da empresa. Em termos de linhas, o 2008 tem linhas mais retas, principalmente no teto e nas laterais. O SUV ganhou capô plano e grade mais estreita, quando comparado ao hatch. O modelo adota acabamento em preto brilhante unindo as lanternas traseiras, que agora apresentam linhas horizontais em três seções 3D. As rodas diamantadas de 17 polegadas apresentam design que lembra as utilizadas nos modelos elétricos da linha.
Impressões de condução
Na conta do chá
por Hernando Calaza
Autocosmos.com/Argentina
Exclusivo no Brasil para Auto Press
A avaliação foi feita numa unidade GT, que vem com todos os luxos e funcionalidades, mas além de alguma decoração ou estofos, tem o mesmo motor de toda a gama, o T200. Na estrada, o 2008 atinge 120 km/h a 2.400 rpm e consome cerca de 11,5 km/l (com gasolina argentina). O isolamento acústico é bom, tem um comportamento estável e passa pelos trechos mais acidentados do percurso sem grandes solavancos.
Quanto ao motor e caixa de câmbio, não é explosivo, mas empurra bem e principalmente na estrada. Em velocidade de cruzeiro, o T200 não vibra nem faz barulho e quando necessário emite a clássica nota rouca dos três cilindros. Os testes incluíram uma visita a uma pista enorme onde fizemos acelerações, travagens e slalom e ele esteve bem. A caixa de câmbio é lenta na partida e de zero a 100 km/h leva 10,1 segundos.
O interior não traz novidades notáveis em comparação ao hatch. O console traz plásticos rígidos, ruins ao toque, decorados em preto brilhante e imitação de fibra de carbono, com construção aparentemente sólida. O console central do 2008 é mais alto, devido à substituição do freio de estacionamento manual do hatchback por um elétrico. Possui ainda apoio de braço com arrumação e, por fim, o teto panorâmico no SUV pode ser aberto, enquanto no hatch ele é fixo. O espaço no banco traseiro não é muito generoso, mas é muito melhor que no hatch, tanto para a cabeça quanto para as pernas.