A juíza Edssandra Barbosa da Silva Lourenço, da 4ª Vara Cível de Palmas (TO), censurou o site Diário do Centro do Mundo no âmbito de uma ação do deputado estadual Bolsonaro Janad Valcari (PL), candidato a prefeito da capital tocantinense este ano.
A decisão do juiz segue um relatório publicado em novembro de 2023 por DCMsegundo o qual Valcari havia faturado 30 milhões de reais em contratos com prefeituras relacionados à banda Barões da Pisadinha, da qual era empresária.
A ordem que removeu o DCM o ar permanece confidencial. O site Jota informou, porém, que o documento cita “tentativas infrutíferas” de contato com o site e uma “impossibilidade técnica” de suspender apenas o link vinculado à matéria sobre Valcari.
“Assim, para garantir a eficácia da decisão e a remoção do conteúdo em questão, deverá ser determinado o congelamento (suspensão) do domínio até a exclusão da referida publicação ou decisão posterior”, diz trecho da decisão .
Nas redes sociais, o DCM chamou a ordem judicial de “arbitrária e inaceitável”. “Isso representa censura e um ataque gravíssimo à liberdade de expressão”, concluiu o veículo.
Em julho, o UOL informou que o Ministério Público do Tocantins investiga se Valcari utilizou os shows da banda para um suposto esquema envolvendo contratos no valor de 1 milhão de reais com recursos públicos de três cidades que contrataram os shows em 2023: Rio dos Bois, Porto Nacional e Ponte Alta do Tocantins.
Este ano, continuou o veículo, enviou 965 mil reais em alterações para esses três municípios.
Na época, a deputada do PL disse que as mostras aconteceram quando ainda não tinha condições de destinar emendas (pois era seu primeiro ano de mandato) e que os recursos de 2024 não têm relação com as apresentações do ano passado.
Até a última atualização deste texto, o DCM permaneceu indisponível.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e outras entidades repudiaram a decisão judicial em nota.
“A decisão que levou a todo o site da DCM Sair do ar expõe a precária situação de segurança jurídica a que estão submetidos os jornalistas e a imprensa”, diz o texto. “A decisão também tem efeito intimidador e inibe o trabalho da imprensa em todo o país.”
O Instituto Tornavoz, Associação de Jornalismo Digital, Repórteres Sem Fronteiras, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e Federação Nacional dos Jornalistas também assinam o comunicado.