Após o Congresso afirmar que não foi possível identificar os patrocinadores das emendas da comissão, o ministro Flávio Dino determinou que o governo federal entregasse ao Supremo Tribunal Federal todos os ofícios relacionados à “indicação” ou “priorização pelos autores” nesta forma de pagamento.
A presidência da Câmara e do Senado também deverão enviar informações sobre os autores das emendas à Corte. O despacho, assinado nesta quinta-feira, 8, também estabelece prazo para dez dias que o Tribunal de Contas da União compartilhe todos os processos que apuram possíveis irregularidades na aplicação das alterações do relator (conhecido como Orçamento Secreto).
Na prática, as emendas das comissões são de autoria das comissões temáticas dos presidentes do Congresso. As diretorias costumam aprovar o envio de dinheiro de forma genérica no ano anterior, destinando grandes valores para ações como “fortalecimento do Sistema Único de Saúde”.
Durante o ano de implementação das alterações, os titulares dos órgãos colegiados enviam documentos ao governo federal solicitando a liberação gradual de recursos para ações específicas, como melhorias na infraestrutura de determinado hospital. O valor das emendas da comissão, que só chegou a 1 bilhão de reais em 2022, saltou para 15 bilhões este ano.
A suspeita é que a direção do Congresso tenha recorrido a essa modalidade para driblar a decisão do STF que declarou inconstitucional o Orçamento Secreto.
Na semana passada, Dino havia determinado que o envio desses aditivos seguisse regras de transparência e rastreabilidade, além de estabelecer critérios para seu pagamento. O juiz também pediu à Controladoria-Geral da União que penteie os repasses realizados nos últimos anos.
Para o juiz, o que aconteceu foi uma “mera alteração legislativa na classificação orçamental, mas mantendo a prática relativa à descumprimento dos deveres constitucionais de transparência e rastreabilidade”.
Relatos de dificuldade na identificação dos patrocinadores das emendas da comissão foram dados em reunião no dia 6. Na reunião, representantes da Câmara afirmaram que não houve “patrocinador” das alterações da comissão e, portanto, não seria possível identificá-los. eles.
“Em relação ao RP8, as informações estão disponíveis e obedecem ao procedimento normativo, mas o patrocinador não existe no Congresso, portanto o Congresso não tem condições de colaborar”, registra a ata da audiência.
A posição foi endossada por líderes do Senado, que questionaram o fato de as emendas da comissão terem sido contestadas mesmo não fazendo parte da ação. O caso em questão, apresentado ao STF por três entidades, relatava a utilização de outros meios de pagamento para manobrar a determinação do Tribunal.
Também presentes na reunião, representantes da CGU e do TCU também criticaram a falta de transparência em relação aos parlamentares que patrocinaram o envio de recursos nesta modalidade.
Para o A informação existente sobre as alterações orçamentais, disse Marcelo Eira, secretário do controlo externo do Tribunal de Contas, é “descasamento, fragmentada, o que inviabiliza a transparência”.
Durante a reunião, ficou acordado que a comissão técnica criada para executar a determinação de Dino identificará quais dados faltam para garantir a transparência e rastreabilidade das alterações. O grupo deverá apresentar os resultados preliminares desse trabalho em reunião marcada para o dia 21 de julho.
O objetivo da pesquisa é coletar informações sobre as alterações. Posteriormente, o colegiado estudará como disponibilizar dados em uma espécie de painel unificado. O ministro do STF argumentou que essas informações “precisam estar concentradas em um só lugar, de forma acessível ao público, para cumprir a Constituição”.