O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, na última sexta-feira, 8, que, caso o Tribunal de Contas da União (TCU) determine que as joias sauditas que recebeu durante seu mandato são de sua propriedade, pretende leiloar um dos conjuntos e doar o valor arrecadado à Santa Casa de Juiz de Fora (MG). O hospital foi onde Bolsonaro foi tratado após sofrer uma facada durante um evento de campanha em setembro de 2018.
“Se os presentes muito pessoais forem meus, um dos conjuntos irei leiloar e doar para a Santa Casa de Juiz de Fora, onde fui atendido no dia 6 de setembro de 2018. Mas estou aguardando a palavra final”, disse Bolsonaro em entrevista com CNN.
As expectativas de Bolsonaro e seus aliados foram reforçadas depois que o TCU decidiu, na semana passada, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá ficar com um relógio de ouro recebido da fabricante francesa Cartier em 2005, durante seu primeiro mandato.
O tribunal considerou que, na ausência de legislação específica que defina claramente o que constitui um “bem de natureza muito pessoal” ou “elevado valor de mercado”, não existe base legal para exigir a devolução de presentes recebidos durante a presidência.
Esta decisão poderá beneficiar Bolsonaro, que, em março de 2023, foi proibido de usar, descartar ou descartar joias recebidas da Arábia Saudita.
Caso o TCU aplique o mesmo entendimento do julgamento de Lula ao ex-presidente, a decisão anterior poderá ser revertida.
Além disso, o entendimento do TCU poderá impactar as investigações criminais em andamento contra Bolsonaro.
A Polícia Federal investiga se ele se apropriou indevidamente de presentes recebidos de autoridades estrangeiras e já o indiciou por três crimes: associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato.
A investigação, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), detalha como as joias foram recebidas, transportadas e posteriormente vendidas nos Estados Unidos, além da operação para recuperá-las após o caso vir à tona.
Porém, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a decisão do TCU no caso de Lula não interfere nas investigações criminais contra Bolsonaro.
Segundo Rodrigues, a investigação vai além de “questões meramente administrativas” e abrange “condutas diversas além do recebimento de joias, como omissão de dados, ocultação de movimentação de bens e advocacia administrativa”.
A decisão final sobre a culpa de Bolsonaro caberá à Justiça Criminal, independentemente do entendimento do TCU sobre o caso.