O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, negou que a decisão do STF de suspender a execução de emendas parlamentares obrigatórias tenha desencadeado uma crise entre o Judiciário e o Legislativo.
“Vamos sentar à mesa e discutir diferentes possibilidades de concretização desses valores constitucionais. Portanto, não há conflito, há divergências típicas da democracia e vamos geri-lasla”, afirmou esta sexta-feira, 16. O presidente do STF está em Porto Alegre (RS), onde participou de eventos oficiais.
Os dois poderes vivem um momento de tensão, agravado pela decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de desbloquear duas propostas de emenda à Constituição que impactam diretamente a Corte.
Uma das PECs, de autoria do deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR), define situações em que o Congresso pode suspender decisões do Supremo Tribunal.
A outra PEC que Lira enviou à CCJ limita decisões individuais no STF e em outros tribunais superiores. A proposta já foi aprovada no Senado e está parada na Câmara desde dezembro de 2023.
As liminares
A decisão de suspender o pagamento das alterações tributárias e impor restrições ao repasse das chamadas alterações pix foi do ministro Flávio Dino. Depois, as liminares foram referendadas pelos demais ministros.
No caso de alterações de pix, somente serão permitidas transferências que atendam aos critérios de transparência e rastreabilidade. Os recursos também poderão ser repassados para obras em andamento e situações de calamidade pública.
Dino justificou sua decisão com base em relatórios de organizações não governamentais que indicaram um aumento significativo nos valores destinados por meio das emendas do pix —totalizando 6,7 bilhões de reais no ano passado, mais da metade do total repassado em 2022.
Dino argumentou que o descontrole na aplicação desses recursos, semelhante ao problema das emendas do relator, conhecido como Orçamento Secreto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), precisa ser corrigido para evitar um “jogo de empurra-empurra”. ”onde ninguém assume a responsabilidade pela execução correta e transparente dos fundos.
No caso das alterações tributárias, Dino optou por suspender o pagamento até que o Congresso Nacional aprove novas regras de transparência na aplicação de recursos.
Ao apoiar as decisões de Dino, André Mendonça, que também votou, destacou a busca por uma solução negociada entre os Poderes. Ele mencionou a possibilidade de avançar no entendimento por meio de reuniões técnicas com o Núcleo de Conciliação da presidência do STF.