O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), levantou a possibilidade de intervenção na Agência Nacional de Energia Elétrica, em documento enviado nesta terça-feira, 20, ao presidente do órgão, Sandoval Feitosa.
A eventual medida resultaria do descumprimento de prazos definidos por ações governamentais. Silveira mencionou “aparentes constatações de omissões ou atrasos” e exigiu explicações no prazo de cinco dias.
As reclamações do ministro referem-se a quatro pontos:
- Aprovação da nova governação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica: A CCEE aprovou o novo estatuto social em maio e precisou da Aneel para formalizá-lo. “Ocorre que, passados quase noventa dias, até o momento não houve notícia da referida homologação pela Aneel, circunstância que implica irregularidade no funcionamento da CCEE”, escreveu Silveira.
- Divulgação do impacto tarifário percebido pelos consumidores: uma medida provisória de abril autorizou a CCEE a negociar a antecipação de recebíveis da Conta de Desenvolvimento Energético, quando caracterizado o benefício para o consumidor. A Aneel deveria ter divulgado o impacto tarifário a ser percebido pelos consumidores, o que não aconteceu.
- Publicação de minutas de Contratos de Energia de Reserva (CER): A Aneel deveria ter publicado até o dia 28 de julho ato com as minutas dos novos contratos de compra e venda de energia proveniente de termelétricas no CER, o que não aconteceu.
- Compartilhamento de postagem: trata do compartilhamento de postes entre empresas de energia e de telefonia. “Segundo a notícia, a Aneel havia encerrado o processo que visava solucionar um problema histórico entre os setores de telecomunicações e energia elétrica”, escreveu o ministro.
“A persistência deste estado de coisas obrigará este Ministério a interviradotar medidas para apurar a situação de inércia prolongada da Diretoria no enfrentamento dos atrasos que lamentavelmente caracterizaram a situação atual, traduzindo uma situação de gravidade insustentável, que prenuncia o comprometimento das políticas públicas e pode até implicar responsabilização desta Diretoria”, continuou o ministro.
Ele também exigiu que os diretores da agência se abstivessem de expor publicamente divergências internas que pudessem impactar a imagem da agência e o andamento de seu trabalho.
A irritação de Silveira não é novidade. Em audiência na Câmara dos Deputados na semana passada, ele chegou a falar em “boicote ao governo” por parte das agências reguladoras. “O povo brasileiro está pagando caro pela cooptação literal e inadequada das agências reguladoras”, afirmou na época.