A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra três parlamentares do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, por suposto caso de corrupção no tratamento de emendas parlamentares. A denúncia, que é confidencial, foi revelada pelo site UOL nesta terça-feira, dia 17.
A denúncia contra os três políticos bolsonaristas foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso, que é sigiloso, é relatado pelo ministro Cristiano Zanin.
Os deputados federais envolvidos no caso são Bosco Costa (PL-SE), Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA).
Segundo a PGR, eles praticavam corrupção passiva e estavam envolvidos em organização criminosa.
Segundo a publicação, o órgão destacou que os três enviaram recursos ao município de São José Ribamar (MA) planejando desviar os valores. A denúncia aponta que parlamentares tentaram negociar a devolução de parte dos valores enviados à cidade, ficando com 1,6 milhão de reais.
Os deputados não mantiveram os valores. No entanto, a PGR identificou trocas de mensagens que indicavam que pressionaram o ex-prefeito do município, Eudes Sampaio, para liberar o valor.
Ainda segundo a publicação, o agente relatou à Polícia Federal (PF) que foi alvo de extorsão por parte do trio.
Quem são os parlamentares envolvidos
Bosco Costa foi eleito deputado federal em 2018, mas, nas últimas eleições, acabou sendo suplente. Anteriormente, foi prefeito da cidade de Moita Bonita (SE) e ocupou o cargo de deputado estadual.
Nas eleições de 2018, o Ministério Público Eleitoral (MPE) chegou a denunciar o parlamentar por irregularidades na prestação de contas de campanha. Na época, a entidade destacou que ele gastou cerca de 485 mil reais com aluguel de veículos, do total de 2 milhões de reais gastos na campanha. Pela lei eleitoral, o limite para gastos com veículos é de 20%. O caso, porém, não avançou.
Costa também já foi alvo de operação da Polícia Federal (PF), que suspeitava que ele participasse de esquema de fraude em carteira de habilitação. A PF chegou a cumprir mandado de busca e apreensão em sua casa, como parte da investigação de um caso ocorrido quando Costa estava à frente do Departamento de Trânsito de Sergipe (Detran/SE).
Josimar iniciou sua carreira política na cidade que acabou adotando como apelido, Maranhãozinho (MA). Foi prefeito do município entre 2004 e 2008. O político ocupa o cargo de deputado federal pelo estado desde 2019.
O parlamentar também já foi alvo da PF. Há três investigações envolvendo o Maranhãozinho, ligadas ao uso irregular de emendas parlamentares. Em 2021, os investigadores tiveram acesso a um vídeo em que o parlamentar aparece carregando caixas de dinheiro.
Por fim, o pastor Gil também tem sido alvo de investigações por suposto uso indevido de emendas. O caso ocorreu em 2022 e foi autorizado pelo então ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que atualmente ocupa o Ministério da Justiça. Os investigadores investigam desvios de conduta não só do pastor Gil, mas dos outros dois parlamentares citados.
Na época, a suspeita era de que os parlamentares estivessem contraindo empréstimos com um agiota no Maranhão. Porém, em vez de resolverem as dívidas com o próprio dinheiro, nomearam prefeitos das cidades às quais destinaram fundos de emenda.
O pastor Gil chegou a prestar depoimento à PF, argumentando que, na verdade, pediu dinheiro emprestado a Josimar Maranhãozinho.
Os três citados não comentaram a publicação da denúncia da PGR. CartaCapital Ele tentou contato com os parlamentares, mas não obteve resposta. O espaço permanece aberto.