O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou nesta terça-feira, 9, as diretrizes do projeto de lei sobre as dívidas dos estados com a União. Nas próximas horas, a Câmara disponibilizará o texto completo.
Somadas, a dívida de todos os estados e do Distrito Federal é estimada em 764,9 bilhões de reais. Porém, segundo o Senado, as dívidas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo respondem por quase 90% do total (ou 683,9 bilhões).
O projeto deve tramitar sob relatoria do presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União-AP), aliado de Pacheco. Posteriormente, para entrar em vigor, terá que passar pelo plenário do Senado e da Câmara dos Deputados e ser sancionado pelo presidente Lula (PT).
Não haverá desconto no valor consolidado da dívida. Ou seja: o ponto de partida é a dívida de cada estado com a União cadastrada neste momento. Segundo Pacheco, trata-se de respeitar a responsabilidade fiscal. Também não será possível utilizar o Fundo de Desenvolvimento Regional – instrumento de reforma tributária – como adiantamento.
Por outro lado, o projeto prevê a possibilidade de entrega de bens para reduzir parte da dívida. Rodrigo Pacheco mencionou especificamente recebíveis, créditos judiciais, participações societárias em empresas (que podem ser federalizadas em favor da União) e créditos inscritos em dívida ativa.
Outra novidade é uma mudança no indexador. Atualmente, a correção da dívida é baseada na fórmula do IPCA + juros de 4% ao ano ou Taxa Selic (o que for menor). Na prática, haverá uma mudança para possibilitar a reversão de juros – não a favor da União, mas de investimentos no próprio estado.
Pela proposta, 1% do estoque de juros poderá ser perdoado caso o Estado entregue seu patrimônio como pagamento e amortização no valor de 10% a 20% do valor da dívida.
Se você entregar 20% a mais de ativos, poderá receber um desconto de 2% sobre os juros de 4%. Nesse caso, em relação aos 2% restantes, 1% poderá ser destinado a investimentos no estado – especialmente em educação, infraestrutura e segurança pública – e 1% poderá ir para um fundo de equalização que atenderá todos os estados da Federação, mesmo aqueles que não estão endividados.
“Esse projeto não tem a ousadia de querer ser o texto definitivo”, ponderou Pacheco. “Naturalmente que o Ministério das Finanças fará as suas considerações, porque nem tudo o que o governo sugeriu foi incluído. Assim como os estados.