O presidente Lula (PT) aproveitou cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, para exigir maior participação de ministros e auxiliares nas reuniões interministeriais. Um dos alvos nominais da denúncia foi Márcio Macêdochefe da Secretaria-Geral da Presidência.
Segundo o petista, os caciques da Esplanada apenas participaram das primeiras reuniões e, posteriormente, enviaram representantes em seu lugar. O evento em Brasília marcou o anúncio de ações voltadas aos catadores, incluindo investimento de 425 milhões de reais em programas sociais.
As declarações de Lula ocorreram durante reunião do Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica (CIISC), órgão coordenado pelo ministério de Macêdo. Ao abordar demandas aos auxiliares quanto à participação em reuniões interministeriais, o presidente chegou a criticar a sigla do colegiado.
“Você, Márcio Macêdo, precisa assumir a responsabilidade. Criamos muitas reuniões interministeriais, mas nem todos os ministros participam das reuniões. Ou seja, se não cumprirmos realmente…”, disse. “Os próprios ministros que fazem parte têm que participar. Você, Márcio Macêdo, tem a responsabilidade de ligar para cada ministro”.
Posteriormente, o presidente afirmou estar muito preocupado com a criação de um órgão colegiado e pediu ao chefe da Secretaria-Geral que convocasse seus colegas da Esplanada e garantisse sua participação nas reuniões.
“Muitas vezes pensamos que todo mundo está no ‘zap’, e aí é enviada uma mensagem ‘encontro amanhã às nove horas’, [mas] nem sempre todo mundo vê”, acrescentou Lula. “Por que eu quero levar isso a sério? Porque quero que você tenha sucesso na implementação e utilização dos recursos que foram disponibilizados hoje.
Após o evento, os jornalistas, Macêdo e o ministro Marina Silva (Meio Ambiente) comprometeu as declarações do presidente. Segundo eles, a cobrança é dirigida a todos os membros do governo.
“O presidente tem dito a todos os ministros que todos os investimentos que ele anunciou são monitorados para que possam acontecer na prática, então o que ele disse hoje é uma determinação que ele fez a todos nós”, disse Macêdo. O chefe da Secretaria-Geral explicou ainda que, atualmente, o comitê não prevê a participação de titulares de pastas.
Esta, porém, não é a primeira vez que Lula critica Macêdo publicamente. Nos bastidores, membros do governo o criticam pelo que consideram um distanciamento entre a gestão petista e os movimentos sociais, segmento que é parte importante da base eleitoral do PT.
O último puxão de orelha recebido pelo ministro foi durante o evento de 1º de maio, em São Paulo. Principal atração do evento, Lula se irritou com a falta de público e criticou o auxiliar por não ter feito o esforço necessário “para levar a quantidade de pessoas que precisava ser levada”.
Um mês antes, Macêdo já havia sido alvo de denúncias por ter organizado um encontro sem a participação de todos os sindicatos e marcado pela ausência de representantes de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.