A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 10, o texto-base do principal projeto regulatório da reforma tributária. Neste momento, a Câmara vota os destaques – ou seja, as propostas de modificação da matéria, com potencial de alterar significativamente o resultado final.
Dono da maior bancada da Câmara, com 93 deputados, o PL votou contra o projeto. A matéria, porém, teve 336 votos a favor e 142 pela rejeição, além de duas abstenções.
Os deputados já rejeitaram proposta que tentava incluir armas de fogo e munições na lista do Imposto Seletivo, com tributação superior à alíquota referencial.
A versão aprovada mantém a carne fora da cesta básica, conjunto de alimentos cuja alíquota será zero. O presidente Lula (PT) defende a inclusão e o tema será tema de um dos destaques.
Por enquanto, as carnes bovina e de frango continuam sujeitas à tributação parcial, equivalente a 40% da alíquota referencial. Na terça-feira, 9, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), indicou que uma solução para o impasse poderia ser aumentar o dinheiro de volta para pessoas que não têm condições de pagar o “valor integral” dos produtos.
Ó dinheiro de volta É um mecanismo de reforma tributária por meio do qual o Estado devolverá parte do imposto pago pelas famílias de baixa renda. A restituição é destinada a famílias com renda per capita de até meio salário mínimo e terá como base praticamente todo o consumo de bens e serviços realizado por essas famílias.
Neste momento, os itens da cesta básica com alíquota zero são:
Alimentos
A alíquota zerada incluirá ainda:
- ovos da subposição NCM/SH 0407.2;
- legumes (exceto cogumelos e trufas);
- frutas frescas ou refrigeradas e frutas congeladas sem adição de açúcar ou outros adoçantes; Isso é
- plantas e produtos da floricultura relacionados com a horticultura e cultivados para fins alimentares, ornamentais ou medicinais.
Os produtos básicos de saúde menstrual também terão alíquota zero. A lista inclui pensos higiénicos, tampões higiénicos, cuecas absorventes e copos menstruais.
O Congresso Nacional promulgou a PEC da reforma em dezembro de 2023, mas há uma série de pontos a serem regulamentados por leis complementares. Deputados e senadores têm, por exemplo, de definir regimes especiais e tratamentos diferenciados para setores e produtos.
O principal efeito da proposta é a unificação, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em um único encargo, dividido entre as esferas federais (com a Contribuição sobre Bens e Serviços, CBS) e estadual/municipal (com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, SII).
A projeção atual é que a taxa referencial para CBS e IBS seja de 26,5%.
Uma das novidades do texto aprovado pela Câmara nesta quarta em comparação ao parecer do grupo de trabalho da Câmara, divulgado na semana passada, foi a inclusão de alíquota reduzida de 30% para planos de saúde para animais domésticos.
“Imposto sobre o Pecado”
A Câmara acrescentou carros elétricos e apostas à lista de itens sobre os quais incidirá o chamado “imposto sobre o pecado”.
O Imposto Seletivo aplicar-se-á, a partir de 2027, à produção, extração, comercialização ou importação de produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao ambiente.
Devemos ser uma taxa superior à taxa de referência:
- veículos;
- embarcações e aeronaves;
- produtos para fumar;
- bebidas alcoólicas;
- bebidas açucaradas;
- bens minerais; Isso é
- concursos de previsões e jogos de fantasia
Outro impasse a ser resolvido na análise dos destaques envolve a taxação de armas e munições com o “imposto do pecado”.
Medicação
Confira a lista de medicamentos com alíquotas de IBS e CBS reduzidas a zero:
Remédios100
O primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária ainda terá que passar pelo Senado.
Outra proposta
O Congresso também terá de considerar o segundo projeto regulatório de reforma tributária, mas isso só acontecerá em agosto. Na última segunda-feira, 8, o grupo de trabalho da Câmara apresentou seu relatório, destacando detalhes sobre o funcionamento do Comitê de Gestão do IBS.
O IBS terá parcela estadual e municipal e será cobrado no local de consumo da mercadoria. Haverá uma taxa referencial para os estados e outra para os municípios, mas cada entidade poderá definir a sua própria tarifa.
As funções do comitê serão coletar, monitorar e distribuir o IBS. O governo federal garante financiamento de 3,8 bilhões de reais para instalá-lo (em até quatro meses após a aprovação da lei).
O Comitê Gestor do IBS será formado pelo Conselho Superior, Secretaria-Geral, Assessoria de Relações Institucionais e Interfederativas, Corregedoria, Auditoria Interna e Diretoria Executiva (composta por nove diretorias).
O Conselho Superior terá:
- 27 membros representando cada estado e o Distrito Federal; Isso é
- 27 membros como representantes de todos os municípios;
Caberá ao Congresso definir a forma de indicação. Os membros do Conselho devem, no entanto, “ser cidadãos de reputação ilibada e notáveis conhecimentos em administração fiscal”.
O relatório do GT recomenda que pelo menos 30% das vagas em órgãos executivos, corretivos, de auditoria e de julgamento sejam ocupadas por mulheres. Esta previsão, porém, não se aplica ao Conselho Superior.