A deputada federal Tabata Amaral, candidata do PSB à prefeitura de São Paulo, destacou em entrevista a CartaCapital na quinta-feira, 1º, qual deveria ser o lema de sua campanha: apresentar-se como a única capaz de dialogar com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente Lula (PT).
A estratégia busca reverter a tendência de nacionalização da disputa, já que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro (PL), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), aliado de Lula, lideram a maioria das pesquisas. intenção de voto.
“O que mais importa para as pessoas é quem vai conseguir governar trazendo recursos para São Paulo, trabalhando com a polícia, o governador e o presidente”, disse Tabata. “Quando você olha para todos os candidatos, Hoje sou o único que tem diálogo, trabalho e capacidade de aproximar e unir o Governador Tarcísio e o Presidente Lula para que possamos focar em São Paulo.”
O plano inicial de Tabata era formar uma coligação com o PSDB e ter José Luiz Datena como vice, mas os tucanos decidiram lançar o apresentador como candidato a prefeito. O PSB, até o momento, não atraiu outro partido para sua chapa.
Diante das dificuldades geradas pela ausência de uma coligação, Tabata tenta demonstrar otimismo com a unidade do PSB em torno de sua candidatura, destacando o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, e de prefeitos e governadores.
“O PSDB descumpriu o acordo. Em seis anos de Brasília você se acostuma, mas não deveria ser normalizado”, lamentou, embora não tenha descartado completamente a chance dos tucanos desistirem da candidatura de Datena. “Dissemos a eles: Se quiser conversar de novo, ótimo, mas não é o Datena. Você não quer sentar e conversar? Este projeto não depende disso.”
Tabata avalia que seu principal desafio na campanha é se tornar mais conhecida do eleitorado e afirma que anunciará “em breve” seu vice – provavelmente um nome do próprio PSB.
Questionado sobre um cenário em que Boulos chegue ao segundo turno contra Nunes, o candidato do PSB discorda. “Estarei no segundo turno e buscarei o apoio de quem não estiver.”
Sobre Ricardo Nunes, entende que a cidade precisa de “ligar os pontos”, uma vez que já existe a perceção de que a corrupção domina a gestão municipal.
“Se o prefeito estiver envolvido, as investigações dirão”, pondera. “Ninguém vota no Nunes achando que ele é o melhor prefeito. As pessoas votam no Nunes porque estão anestesiadas, porque estão nos dizendo que não há caminho a seguir. Nunes é uma peça desse tabuleiro, cumprindo ordens de gente muito mais poderosa.”
A Polícia Federal concluiu esta semana que houve desvio de dinheiro público na gestão de creches municipais pela prefeitura, com base na investigação da convocação “máfia da creche”. A corporação indiciou 111 pessoas suspeitas de participar do esquema e decidiu dar continuidade à investigação sobre Nunes envolvendo supostas irregularidades durante sua gestão como vereador.
Segundo Tabata, um dos obstáculos é tirar a capital paulista do que ele considera uma “letargia”: “Temos que lembrar o que é São Paulo”.
Pesquisa Quaest divulgada na última terça-feira, 30, mostra Nunes, com 20%, na liderança numérica na disputa pela prefeitura, mas em empate técnico com Boulos e Datena, com 19% cada.
O ex-técnico Pablo Marçal (PRTB), em quarto lugar, tem 12%. Fecham a lista Tabata, com 5%; Kim Kataguiri (União), com 3%; Marina Helena (Novo), com 3%; Altino (PSTU), com 1%; e Ricardo Senese (UP), com 1%. Na quinta-feira, 1º, Kataguiri retirou a candidatura e anunciou o endosso a Nunes.