Candidatos a prefeito de São Paulo não podem ter medo de enfrentar Pablo Marçal (PRTB) nos debates, mas devem dedicar a maior parte do tempo às discussões sobre a cidade, afirma o publicitário Sidônio Palmeiraresponsável pela comercialização da campanha vitoriosa de Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Palmeira, que lançou o livro na semana passada Brasil da Esperança: Marketing nas eleições mais importantes da história do paísfoi o primeiro convidado do boletim Direto das Eleiçõesno canal CartaCapital no YouTube, nesta segunda-feira, 2.
O programa vai ao ar às segundas, quartas e sextas, sempre ao vivo. Os internautas poderão participar das transmissões pelo chat do YouTube.
No domingo, 1º, o novo debate entre os candidatos em São Paulo foi marcado por ofensas, descumprimento de regras e clima de tensão, com uma série de direitos de resposta concedidos. Marçal, como sempre, apostou em ataques e provocações. Muitas vezes, seus oponentes morderam a isca. Poderia ter sido diferente?
“A melhor forma de enfrentar o Marçal é concentrando a luta”, diz Sidônio Palmeira. “Ele cometeu um crime, foi condenado a quatro anos de prisão. ‘Ah, por fraude bancária’. Isso conscientiza a população? Na verdade, ele cometeu um crime para roubar idosos, aposentados. Este é um crime nefasto.”
Pablo Marçal foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado pela Justiça Federal de Goiás, em 2010. Apesar da condenação, não cumpriu a pena, pois sua pena foi declarada prescrita. Com outros suspeitos, ele foi réu em um caso por desvio de dinheiro de contas bancárias.
O grupo foi acusado de criar sites falsos para instituições sacarem dinheiro de correntistas. Segundo a ação, os condenados enviaram denúncias à revelia às vítimas, que forneceram seus dados pessoais.
Segundo Palmeira, uma resposta eficaz a Marçal nos debates seria: “Você foi condenado. Até que eu explique isso, não falarei com você.”
“Cada vez que você fala com ele, você tem que repetir isso. Agora, passe 10%, 20% do seu tempo com ele e 80% falando sobre a cidade de São Paulo. — Você sabe por que continua inventando coisas? Porque não há propostas para a cidade. Você veio aqui para provocar.’”
O publicitário disse ter notado uma mudança bem-vinda na postura dos candidatos no debate de domingo: eles deixaram de falar em “crime bancário” e passaram a enfatizar “crime contra idosos e aposentados”.
“Como um marginalizado vai ser prefeito de São Paulo?”ele pergunta. O estilo de embate com ele é totalmente diferente do que existia. Tem que ir para a luta direta, com força, não se intimida. Mas ele vive de agressões, de apelidos. Você foca no que é o principal: ele é um presidiário, um marginal. E você não pode se intimidar em dizer isso.”
Além disso, continua o publicitário, é preciso ter criatividade para combater as notícias falsas ao longo de uma campanha eleitoral. Isso se explica pelo fato de o ódio e a mentira gerarem engajamento nas redes sociais, a partir de algoritmos sobre os quais a sociedade pouco sabe.
“Temos que fazer algo que encante. O humor, um bom meme com conteúdo político, musicaliza. Tem que ser criativo”, avalia. “Mas o meme não pode derrotar o debate público.”
Assista ao primeiro boletim completo Direto das Eleiçõescom Sidônio Palmeira: