Mensagens enviadas por funcionários da campanha de Pablo Marçal (PRTB) à prefeitura de São Paulo contradizem declarações do próprio candidato sobre pagamentos a pessoas que produziram “cortes” de vídeos usados para impulsionar as redes sociais do candidato.
Enquanto Marçal afirma que os pagamentos foram feitos fora do período eleitoral, mensagens identificadas pelo jornal O Globo indicam que houve transferência de dinheiro após o anúncio oficial da candidatura e já durante a campanha, o que é proibido.
Numa das mensagens identificadas pelo jornal, o programador Gabriel Galhardo Hayashi, que se apresentou nas redes sociais como funcionário de uma das empresas de Marçal, escreveu: “Os pagamentos referentes (sic) ao último concurso (Pablo Marçal em colaborar [colaboração] com [Renato] Cariani) foram realizadas hoje, 05/08″. A data citada é posterior à confirmação da candidatura pelo PRTB.
Renato Cariani, citado na mensagem, é influenciador digital e empresário, além de aliado próximo de Marçal. Em dezembro do ano passado foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de associação ao tráfico de drogas, tráfico similar e lavagem de dinheiro, e em fevereiro tornou-se réu.
A “competição” a que se referia o empresário de Marçal consistia na criação de vídeos que mostrassem Cariani e Marçal juntos, com hashtags específico. Quem cumprisse as regras e tivesse mais visualizações receberia prêmios de até 5 mil reais, conforme identificado O Globo.
O episódio contradiz uma alegação feita pelo próprio candidato. Na última segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Vivado TV CulturaMarçal disse ter gasto “uma quantia razoável” para financiar os “cortes”. No entanto, negou que tenha feito quaisquer pagamentos durante o período eleitoral: “Dentro da pré-campanha e da campanha não houve”, disse.
Em outra mensagem à qual O Globo teve acesso, outro funcionário da Marçal, Jefferson Zantut Kerber, explica em áudio o caminho percorrido para os pagamentos, dizendo que existe um intermediário para que os valores cheguem aos destinatários. No áudio é citada uma pessoa chamada Jéssica, “provedora que vai nos emitir essas notas”.
A campanha de Marçal foi procurada pelo jornal, mas não se pronunciou. Jefferson Kerber enviou áudio para a reportagem O Globo minimizando os episódios e chamando as acusações de “marolinha”.
Perfis bloqueados
As denúncias de pagamentos irregulares fazem parte de uma ação do PSB (partido da também candidata a prefeita de São Paulo Tabata Amaral) na Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e uso indevido de mídia. Foi por causa dessa ação que os perfis de Marçal nas redes sociais foram retirados do ar.