Liderando a corrida eleitoral de acordo com a última pesquisa AtlasIntel, deputada federal Maria do Rosário (PT) vê a candidatura petista na capital gaúcha ganhando força com o que chamou de “esgotamento do projeto de um período privatista”.
Ela argumenta que a gestão de Sebastião Melo (MDB) apoiou e provocou um “desmonte da capacidade de gestão da cidade”. Como exemplo, cita a privatização de empresas como a CEEE Equatorial, responsável pela transmissão de energia, e a Carris, de transporte público.
O impacto da privatização foi tão evidente que até o próprio Melo já reclamou a atuação das empresas, chegando a dizer que a CEEE Equatorial ignorava suas ligações durante uma crise. Diante da complexa tarefa de reconstruir a capital gaúcha e responder a eventuais desastres futuros, Rosário defende a retomada do investimento público para prevenção e manejo de cheias.
“Os efeitos das enchentes poderiam ser muito menores se tivessem ocorrido a manutenção do sistema de prevenção e se a administração atual não tivesse uma obsessão por privatizar o Dmae [Departamento Municipal de Água e Esgoto]. A situação é difícil pelas enchentes, mas também pelo projeto de privatizações”, diz ela a CartaCapital.
Visando uma eventual privatização do Dmae, a prefeitura provisoriamente a verba empregada no departamento responsável por prevenir enchentes em Porto Alegre. Os valores investidos na área caíram de 1,7 milhão de reais em 2022 para 141 mil reais em 2022. Em 2023, não há nenhum valor registrado.
“Minha proposta é um sistema inteligente de prevenção, recuperando o sistema de diques, comportamentos e toda a infraestrutura. Além disso, atuação conjunta da região metropolitana. Precisamos nos integrar melhor através das universidades, criando um organismo próprio para monitoramento das mudanças climáticas”, explica.
O desastre atingiu pelo menos 160.210 pessoas, 39.442 edificações e 45.970 empresas somente em Porto Alegre. Ao todo, são 180 mortos no estado, com 806 feridos e 2,3 milhões de pessoas afetadas.
Frente ampla?
Para se viabilizar como candidata, Rosário tem buscado se afastar daquela chama de “polarização”. “Tendo essa trajetória, a minha proposta de trabalho em defesa da democracia já está dada. Então, estou me focando completamente em elementos da cidade”, explica.
Questionada sobre seu voto a favor da proibição das ‘saidinhas’ de presos, a deputada defendeu sua posição e negou estar dando uma guinada à direita. “Sou uma mulher de esquerda e com coerência de esquerda. Avaliei o que [o voto] não prejudicaria ninguém, já que estaria preservado o estudo e o trabalho, que dialogaria com a cidade e com a população de modo geral”, afirma.
Deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Um dos principais nomes do PT, Rosário está no sexto mandato como deputada federal. Ela foi eleita pela primeira vez para a Câmara dos Deputados no pleito de 2002.
Não é a primeira vez que o parlamentar busca o comando da capital gaúcha. Em 2004, foi candidato a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo petista Raul Pont. Em 2008 liderou a chapa do PT, ficando em 2º lugar com 22,73% da preferência do eleitorado.
A pré-candidata é a principal esperança do PT para voltar a liderar a capital em mais de 20 anos. De acordo com o levantamento do AtlasIntel, divulgado no último dia 20, Maria do Rosário tem 30,2% das intenções de voto no cenário principal do primeiro turno monitorado. O emedebista, por sua vez, soma apenas 24,8% da preferência dos participantes.
Para chegar à liderança, ela afirma que foram procurados diversos partidos para firmar alianças e garantir, caso eleito, uma base de apoio.
“Minha conversa é ampla com todos aqueles que quiserem. Há setores que não querem dialogar com as pessoas, só querem dividir. Creio que todos que defendem a democracia podem ser bem vindos”, completou.