O governo Lula (PT) anunciou, nesta sexta-feira, 6, a demissão do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em meio a acusações de assédio sexual. O caso foi revelado na véspera no site Metrópoles – Logo em seguida, a ONG Me Too confirmou ter recebido denúncias e acolheu as supostas vítimas.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT), seria uma das vítimas, segundo o veículo.
“O presidente considera insustentável manter o ministro no cargo dada a natureza das acusações de assédio sexual”informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência. “O Governo Federal reitera seu compromisso com os Direitos Humanos e reafirma que nenhuma forma de violência contra a mulher será tolerada.”
A demissão de Almeida ocorreu após reunião com Lula, entre o final da tarde e início da noite. De acordo com o jornal O GloboAnielle, por sua vez, confirmou nesta sexta a outros ministros que foi vítima de assédio.
O presidente também se reuniu com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski; o Procurador-Geral da União, Jorge Messias; e o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius de Carvalho.
Horas antes de sua demissão, o governo formalizou a abertura de procedimentos de investigação contra Almeida. O principal deles tramita na Comissão de Ética da Presidência, onde terá dez dias para se explicar. A CGU e a AGU participam da investigação.
Em outra frente, a Polícia Federal também iniciou uma investigação sobre o caso. Nesta sexta-feira, a corporação solicitou formalmente ao Me Too Brasil, à AGU e à CGU informações detalhadas sobre as denúncias.
Em nota publicada antes da demissão, o Palácio do Planalto classificou o episódio como grave e prometeu tratar a investigação com rigor e celeridade. Almeida negou todas as acusações e classificou-as como “mentiras” e “conclusões absurdas”.
Quem é o ex-ministro
Silvio Almeida foi um dos primeiros escolhidos por Lula para formar a Esplanada dos Ministérios após a vitória contra Jair Bolsonaro (PL), em 2022. É considerado uma das principais referências nos debates raciais no país.
Almeida trabalhou como advogado, filósofo e escritor antes de ingressar no governo federal. Sua principal publicação é o livro Racismo Estrutural2019.
Formado em Direito pelo Mackenzie, universidade onde se tornou professor de Direito Político e Econômico, também foi para a USP fazer doutorado e pós-doutorado. Foi professor convidado nas universidades Duke e Columbia, ambas nos Estados Unidos.
Antes de se tornar ministro, dirigiu o Instituto Luiz Gama, criado por ele para tratar de causas sociais. Atualmente, a entidade é liderada pelo advogado Renato Aparecido Gomes.