O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou nesta segunda-feira, 8, um erro da Polícia Federal a respeito do valor do suposto desvio de joias recebidas de governos estrangeiros, mas manteve silêncio sobre os elementos do relatório que o indiciava por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro De dinheiro.
O documento enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal afirmava que o valor dos itens de luxo chegaria a cerca de 25 milhões de reais. Na tarde desta segunda-feira, porém, a corporação corrigiu a estimativa e mencionou um valor de 6,8 milhões.
“Aguardamos muitas outras correções. O último será aquele dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF[CaixaEconômicaFederal}AcervoouPFinclusivearmasdefogo”escreveuoex-capitãonasredessociais.
Ao atribuir o crime de associação criminosa a Bolsonaro, a PF afirma que ele tinha “pleno conhecimento” do esquema de venda de joias pelo menos desde 2019. Cita, por exemplo, um diálogo no WhatsApp em que o tenente-coronel Mauro Cid envia o link para um leilão que aconteceria dias depois nos Estados Unidos, ao qual Bolsonaro responde com: “Selva”.
“Os valores obtidos com estas vendas foram convertidos em dinheiro e inscritos no património pessoal do ex-Presidente da República, através de pessoas interpostas e sem recurso ao sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e titularidade dos valores. ”, diz trecho da reportagem.
O documento menciona pelo menos dois kits de joias que foram “roubados diretamente” pelo ex-presidente com o objetivo de vendê-los no exterior.
Os gastos de Bolsonaro durante sua estadia nos EUA, entre dezembro de 2022 e março de 2023, constam do material apreendido pela PF em poder do ex-ajudante de campo Marcelo Câmara. Antes de deixar o Brasil, às vésperas da posse de Lula (PT), o ex-capitão transferiu 800 mil reais de sua conta no Banco do Brasil para uma conta no BB Américas.
Ao sair dos EUA, manteve o mesmo valor em sua conta, indício de que teria utilizado apenas dinheiro para pagar sua estadia no exterior. Esse método, concluiu a Polícia Federal, é “uma das formas mais comuns de reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência legal”. Portanto, estaria constituído o crime de lavagem de dinheiro, na avaliação da corporação.
Agora, a Procuradoria-Geral da República tem 15 dias para decidir se denuncia Bolsonaro ao STF, pede novas providências à PF ou encerra a investigação.