A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 9, o regime de urgência para o principal projeto regulatório da reforma tributária. Com isso, a proposta deve ir para votação no plenário nesta quarta-feira, 10, sem passar por comissões temáticas.
O pedido de urgência obteve 322 votos a favor e 137 contra, além de três abstenções.
Na semana passada, o grupo de trabalho da Câmara criado para analisar o projeto de regulamento apresentou o seu parecer. Um dos pontos que ainda gera polêmica é a ausência de carne na cesta básica, conjunto de alimentos cuja alíquota será zerada. O presidente Lula (PT) defende a inclusão e a palavra final caberá ao Congresso Nacional.
Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), indicou que uma solução para o impasse poderia ser aumentar o dinheiro de volta para pessoas que não têm condições de pagar o “preço integral” do produto.
Ó dinheiro de volta É um mecanismo de reforma tributária por meio do qual o Estado devolverá parte do imposto pago pelas famílias de baixa renda. A restituição é destinada a famílias com renda per capita de até meio salário mínimo e terá como base praticamente todo o consumo de bens e serviços realizado por essas famílias.
Por enquanto, as carnes bovina e de frango continuam sujeitas à tributação parcial, equivalente a 40% da alíquota referencial.
Já produtos de cuidados básicos para a saúde menstrual terão alíquota zero, se a opinião do grupo prevalecer. Inicialmente, estavam na lista dos itens com redução de 60% nos impostos. A lista de produtos isentos inclui pensos higiénicos, tampões higiénicos, cuecas absorventes e copos menstruais.
O Congresso Nacional promulgou a PEC da reforma em dezembro de 2023, mas há uma série de pontos a serem regulamentados por leis complementares. Além de definir as alíquotas, deputados e senadores terão que definir regimes especiais e tratamentos diferenciados para setores e produtos.
O principal efeito da proposta é a unificação, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em um único encargo, dividido entre as esferas federais (com a Contribuição sobre Bens e Serviços, CBS) e estadual/municipal (com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, SII).
A projeção atual é que a taxa referencial para CBS e IBS seja de 26,5%.
“Imposto sobre o Pecado”
O grupo de trabalho incluiu carros elétricos e apostou na lista de itens sobre os quais será cobrado o chamado “imposto sobre o pecado”.
O Imposto Seletivo aplicar-se-á, a partir de 2027, à produção, extração, comercialização ou importação de produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao ambiente.
Na opinião do GT, eles devem ter uma taxa superior à taxa de referência:
- veículos;
- embarcações e aeronaves;
- produtos para fumar;
- bebidas alcoólicas;
- bebidas açucaradas;
- bens minerais; Isso é
- concursos de previsões e jogos de fantasia
No caso de apostas, o “imposto sobre o pecado” será aplicado a pessoas físicas e on-line, como as chamadas apostas. Segundo o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), integrante do grupo de trabalho, os jogos de azar fazem mal à saúde.
“Então, eles teriam que constar na lista de produtos a serem tributados pelo Imposto Seletivo. Assim como incluímos os carros elétricos, que não vieram do governo. Entendemos que o carro elétrico, do berço ao túmulo, também polui. Especialmente no túmulo.”
Em relação à proposta original do governo para o “imposto sobre o pecado”, os deputados incluíram carros elétricos e apostas.
Outro impasse a ser resolvido no plenário desta quarta envolve armas e munições. A Câmara analisará uma alteração que pretende incluir esses itens no rol do Imposto Seletivo.
A emenda partiu de Benedita da Silva (PT-RJ) e recebeu o aval de outras deputadas, entre elas Laura Carneiro (PSD-RJ), líder do bloco MDB, PSD, Republicanos e Podemos; Gervásio Maia (PB), líder do PSB; e Erika Hilton (PSOL-SP), líder do bloco Federação PSOL/Rede.
Ao justificar a alteração, Benedita cita pesquisa do Instituto Sou da Paz segundo a qual o Sistema Único de Saúde gastou 41 milhões de reais com vítimas de armas de fogo em 17,1 mil internações em 2022.
Ela também cita o desvio de armas de Caçadores, Colecionadores e Atiradores e enfatiza a importância da restrição de armas para defender as mulheres. “Das 3.788 mulheres assassinadas no Brasil em 2022, 1.878 foram vítimas de armas de fogo.”
Medicação
O parecer do grupo de trabalho recomenda a retirada do citrato de sildenafila, conhecido como Viagra, da lista de medicamentos isentos de tributação.
Caso esta sugestão seja bem sucedida, este medicamento terá um desconto de 60% sobre a tarifa de referência. O citrato de sildenafila é indicado para o tratamento da disfunção erétil.
Segundo o parecer, 850 medicamentos deveriam ser tributados a 40% da alíquota cheia. Outros 383 devem ter alíquota zero.
Confira a lista de medicamentos com desconto de 60% na tarifa referencial, conforme sugestão do grupo de trabalho:
Remédios 60
Leia a lista de medicamentos a preço zero, proposta pelo GT:
Remédios 100