A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Caroline De Toni (PL-SC), anunciou novo adiamento da votação do projeto que pretende conceder anistia aos golpistas de 8 de janeiro. O tema só deve ser retomado após as eleições municipaismarcada para 6 e 27 de outubro.
O projeto, vale lembrar, foi discutido na terça-feira, 10, mas a discussão foi interrompida após uma sessão tumultuada. Uma nova tentativa de votação seria feita nesta quarta-feira, 11, mas foi cancelada após decisão do parlamentar Bolsonaro.
Segundo o deputado, o adiamento para o período pós-eleitoral se deveu a uma ‘avaliação política’ do bloco de direita no Congresso Nacional:
“Infelizmente hoje será um dia que não poderemos ter acesso à anistia. O uso da anistia está prejudicando politicamente o andamento da comissão e tem feito com que a maioria dos deputados de direita considerem que é mais oportuno, é melhor, deixar o assunto em votação até outubro, quando terminam as eleições municipais”, disse. anunciado antes do início da sessão.
“É uma avaliação política de que vale a pena fazer uma pausa de vez em quando e depois dar tudo de si”, insistiu então na gravação. Ela informou, porém, que estão mantidas para a sessão desta quarta as discussões sobre projetos que pretendem limitar poderes e anular decisões do Supremo Tribunal Federal.
O projeto em discussão, conforme citado, pretende conceder anistia aos participantes da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. O texto também altera as regras de julgamento de pessoas comuns em casos envolvendo pessoas com foro privilegiado e os critérios de enquadramento de alguém no crime de tentar abolir o Estado Democrático de Direito.
A proposta prevê ainda que as condenações por esse delito não podem ser baseadas nos chamados crimes multitudinários (aqueles cometidos em grupo, quando todos contribuem para o resultado por meio de uma ação conjunta), tese utilizada pelo STF para condenar os envolvidos em atos antidemocráticos. ataques.
O relator, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), apresentou parecer favorável à proposta no sistema da Câmara, mas não leu o documento antes do adiamento das discussões. Ele analisou sete projetos que tratam do mesmo assunto e sugeriu perdão por todos os atos passados e futuros relacionados à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
O indulto previsto no projeto, segundo Valadares, abrange qualquer medida de “restrição de direitos, inclusive aquelas impostas por liminares, medidas cautelares e sentenças transitadas em julgado que limitem a liberdade de expressão e manifestação de natureza política e/ou eleitoral, em os meios de comunicação social, plataformas e mídias sociais”.
O relatório também inclui a previsão de criminalizar ministros do STF por abuso de autoridade caso a lei não seja cumprida. Tortura, tráfico de drogas, terrorismo e crimes contra a vida não seriam contemplados, segundo o texto.
Depois de aprovado pela CCJ, o texto será analisado pelo plenário da Câmara. Posteriormente, deverá ser referendado pelos senadores antes de ser sancionado ou vetado pelo Presidente da República.