A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal, nesta segunda-feira, 12, o arquivamento da investigação sobre um suposto esquema de desvio e venda de joias do governo brasileiro. Indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente teme denúncia da Procuradoria-Geral da República.
Os advogados se baseiam no julgamento do Tribunal de Contas da União que autorizou o presidente Lula (PT) a manter um relógio recebido de presente em 2005, 11 anos antes de o Tribunal proferir decisão sobre itens desse tipo.
Na época, a maioria dos ministros do TCU entendia que não havia lei específica para regulamentar o assunto. Portanto, segundo a tese majoritária, não poderiam ordenar a devolução do relógio ao acervo público da Presidência da República.
Agora, a defesa de Bolsonaro afirma que há uma “semelhança factual” entre os casos, o que indicaria uma “legalidade administrativa dos atos” do ex-capitão.
A PF culpou Bolsonaro por três crimes no relatório final do inquérito das joias: associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato.
No documento, enviado ao ministro do STF Alexandre de Moraes, os investigadores detalham a cronologia do esquema: o recebimento da mercadoria por Bolsonaro, a movimentação e venda nos Estados Unidos e a operação deflagrada para recuperar os objetos após a chegada do caso em foco. da Justiça.
O primeiro crime atribuído pelos investigadores ao ex-presidente é peculato – quando um agente se apropria indevidamente de bens públicos. A reportagem cita pelo menos dois kits de joias que foram “roubados diretamente” com o objetivo de serem vendidos no exterior.
“Os valores obtidos com estas vendas foram convertidos em dinheiro e inscritos no património pessoal do ex-Presidente da República, através de pessoas interpostas e sem recurso ao sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e titularidade dos valores. ”, diz o documento.
Os gastos de Bolsonaro durante sua viagem aos Estados Unidos, entre o final de 2022 e o início de 2023, constam do material apreendido pela PF em poder do ex-ajudante de campo Marcelo Câmara. Antes de deixar o Brasil, às vésperas da posse de Lula, o ex-capitão transferiu 800 mil reais de sua conta no Banco do Brasil para uma conta no BB Américas.
Ao sair dos EUA, Bolsonaro tinha o mesmo valor em sua conta, indício de que teria usado apenas dinheiro para pagar sua estadia no exterior. Este método, concluiu a PF, é “uma das formas mais comuns de reintegrar o ‘dinheiro sujo’ na economia formal, com aparência legal”. Portanto, o crime de lavagem de dinheiro.
Posteriormente, ao imputar o crime de associação criminosa A Bolsonaro, a PF argumentou que tinha “pleno conhecimento” do esquema de venda de joias e presentes pelo menos desde 2019.
Ele teria atuado não apenas na coordenação do envio de itens ao exterior e na tentativa de recuperação dos objetos apreendidos pelo Fisco, mas para desviar o foco da investigação e ocultar o dinheiro ilícito.
“Conclui-se que os investigados se uniram para atingir um fim comum, qual seja, a prática de crimes de peculato e lavagem de dinheiro, visando desviar bens de alto valor patrimonial recebidos em razão do cargo do ex-Presidente da República e/ou por delegações do governo brasileiro, que atuavam em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidas ao exterior.”