O presidente Lula (PT) expôs, nesta quarta-feira, 14, sua atual projeção para o fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia, que havia avançado no início de seu governo, mas voltou a estagnar no ano passado. O comentário foi feito durante a abertura do novo ciclo da série Diálogos Capitais, dedicado a debater propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades. O evento, promovido pela CartaCapitaltambém marca o 30º aniversário da publicação.
Segundo o presidente brasileiro, o acordo, na sua opinião, está finalizado e pronto para ser concretizado a qualquer momento, encontrando apenas resistência da França, que ainda tenta obter mecanismos de proteção para os seus próprios produtores.
Para Lula, porém, não cabe mais ao Mercosul ceder, restando apenas a posição final da União Europeia para concluir o tratado.
“Agora só depende da União Europeia, porque nós aqui já decidimos o que queremos e já lhes comunicámos. A União Europeia deve lidar com a França, que tem dificuldades com os produtos agrícolas brasileiros”, comentou. “Com certeza eles têm medo de competir com o nosso queijo mineiro, com o nosso vinho gaúcho”, brincou Lula depois.
Rota da Seda
Outra projeção feita pelo presidente no evento promovido pela CartaCapital diz respeito à Nova Rota da Seda, uma empresa global chinesa com vastos investimentos em infra-estruturas na América Latina, Ásia e África. O Brasil é considerado um ponto-chave para que o plano funcione, mas ainda não deu sua aprovação, assim como a Colômbia e o Paraguai.
Sobre o tema, Lula estabeleceu prazo para a retomada das discussões: após a reunião do G-20, marcada para novembro deste ano. O petista antecipou que pretende, antes de aderir a qualquer plano, garantir vantagens para o Brasil.
“Os chineses querem discutir connosco a Rota da Seda e nós discutiremos isso. Não vamos fechar os olhos, não. Vamos dizer: ‘O que você tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho? Essa é a discussão”, explicou ela.
Lula e Xi Jinping deverão se reunir, nesta ocasião, para discutir os 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países. O presidente do gigante asiático pretende aproveitar o encontro para estreitar os laços com o Brasil. Do lado brasileiro, Lula disse querer garantir acordos de longo prazo.
Em seu discurso, Lula também minimizou o impacto que essa aproximação com a China poderia ter nas relações com os Estados Unidos. Segundo ele, é possível conciliar, através do diálogo, a amizade entre os dois países.
“Não quero brigar com os EUA. Pelo contrário: quero os Estados Unidos do nosso lado tanto quanto quero a China”, resumiu.
Assista à íntegra do discurso do presidente Lula no evento promovido pela CartaCapital:
Diálogos Capitais
O evento desta quarta-feira comemora os 30 anos de CartaCapital. Como parte das comemorações, a publicação promoveu um novo ciclo da série Capital Diálogos, dedicada a debater propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades, da qual Lula foi o convidado de abertura.
A primeira mesa de debate do evento contou com a presença Simone TebetMinistro do Planejamento, Luciana Servopresidente do IPEA, Morgan Doylerepresentante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil, e Luiz Augusto de Castro Nevespresidente do Conselho Empresarial Brasil-China. A mediação foi feita por André Barrocal, repórter especial em Brasília.
A segunda parte do evento conta com a participação do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveirado gerente executivo de mudanças climáticas da Petrobras, Viviana Canhãodo vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad e Luiz de MendonçaCEO da Acelen Renováveis, discutem os caminhos para a transição energética no Brasil. A mediação é da editora executiva Thais Reis Oliveira.
Assista ao Capital Diálogos completo: