O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou, nesta quarta-feira, 14, a retomada do diálogo entre o governo federal e o Congresso Nacional para o desenvolvimento do país. A declaração foi feita na abertura do novo ciclo da série Diálogos Capitaisdedicado a debater propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades. O evento, promovido pela CartaCapitaltambém marca o 30º aniversário da publicação.
Em seu discurso, ele aproveitou para desmentir rumores de que sua gestão tenha conflitos com parlamentares, citando a recente aprovação da reforma tributária como um ‘grande exemplo’ desse ‘bom diálogo’.
“Agradeço ao Congresso Nacional que, ao contrário do que tem sido noticiado, não tem briga com ninguém. Presidente da República não briga”, declarou Lula.
Ele destacou que a aprovação da reforma, mesmo sem ser a “política tributária dos sonhos de todos”, é uma conquista notável, considerando a baixa representatividade do PT nas duas Casas Legislativas e as dificuldades do tema, que vem se arrastando no Congresso Nacional. Congresso há cerca de 40 anos.
“Sou um cara de sorte, que montou um governo de sorte. Num país onde o partido do Presidente da República só tem 70 deputados, num grupo de 513, e só tem 9 senadores num grupo de 71, conseguimos aprovar até agora mais projectos do que em qualquer outro momento do história deste país. país”, destacou.
Lula também comemorou a aprovação como resultado de “muita conversa”, mesmo em um “mundo político adverso”. Ao utilizar o lema do evento – Diálogos Capitais -, o presidente voltou a mencionar a importância da tolerância com as diferentes forças políticas como essencial para a governabilidade e a construção de consensos.
“O que conseguimos aprovar até hoje supera qualquer outro momento da história deste país. Conseguimos algo inédito: uma reforma tributária que não se via no Brasil há 40 anos”, afirmou o presidente, fazendo também uma comparação com a As administrações de Barack Obama, nos EUA, e de Gabriel Boric, no Chile, que lidaram com baixa representatividade parlamentar e enfrentaram dificuldades para avançar nos projetos.
“E é assim que é. Não se governa se não há tolerância para discutir com o lado oposto. Esta é a força da democracia. Construímos consensos mesmo em convivências adversas”, finalizou.
Integração Nacional e Sul-Americana
No encontro, que teve como tema infraestrutura na integração nacional e sul-americana, Lula destacou a necessidade de priorizar a integração dentro do Brasil antes de expandi-la para o contexto sul-americano.
“Para reconstruir o Brasil, todos precisam estar envolvidos. Precisamos derrubar o muro da intolerância construído pela propagação do ódio, que tentou dividir o país em duas metades que não se comunicam”, afirmou.
Ele também enfatizou a importância da redução das desigualdades sociais e econômicas entre as regiões do país, destacando que seu governo tem trabalhado para atender todos os brasileiros, “sem distinção de classe ou região, mas com foco especial naqueles que mais precisam. ”
O presidente destacou que o desenvolvimento nacional deve ser sistêmico, incorporando grandes obras de integração que reduzam as desigualdades regionais e respeitem a dimensão ambiental.
“Esta visão de desenvolvimento é indissociável do papel motor do investimento público. O alcance desta agenda norteia a estratégia de obras e ações inseridas no Novo PAC, voltadas à infraestrutura social e logística em todo o território nacional”, finalizou Lula.
Por fim, Lula mencionou que vislumbra bons acordos com países e blocos importantes do mundo, como União Europeia, China e EUA.
“Não vejo nada pela frente, nem mesmo a briga entre Estados Unidos e China, que me cause medo e que possa desviar o Brasil de sua trajetória de crescimento”, disse pouco antes de mencionar a importância de concluir o tratado rapidamente. comércio entre o Mercosul e a UE.
30 anos de Carta
O evento de quarta-feira também comemorou o 30º aniversário da CartaCapital. O feito foi destacado no discurso do editor Manuela Carta, que recordou os pilares da publicação.
“Nestas três décadas, a Carta orgulha-se de nunca ter abandonado os propósitos que justificam a sua criação: ser uma alternativa ao pensamento único; respeitar a inteligência do leitor; e examinar o poder em todas as suas dimensões.”
Como destacou Manuela, o seminário promovido nesta quarta-feira é “um exemplo desses compromissos” assumidos por Mino Carta em 1994. O fundador da revista foi descrito por Lula como “o mais importante jornalista vivo deste país”.
“Mino Carta é sem dúvida o jornalista vivo mais importante deste país. Ele é possivelmente o jornalista mais criativo que este país já teve”, disse o presidente antes de listar as inúmeras publicações lideradas por Mino ao longo de sua carreira.
Ainda sobre CartaCapitalLula destacou a importância do enfrentamento das posições conservadoras da mídia hegemônica protagonizadas pela publicação ao longo desses 30 anos.
“É por isso que CartaCapital precisa continuar a existir. Então, quem puder ajudar, ajude, porque precisamos pelo menos de uma imprensa neutra neste país”, resumiu o presidente.
Mesas de debate
A primeira mesa de debate do evento contou com a presença Simone TebetMinistro do Planejamento, Luciana Servopresidente do IPEA, Morgan Doylerepresentante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil, e Luiz Augusto de Castro Nevespresidente do Conselho Empresarial Brasil-China. A mediação foi feita por André Barrocal, repórter especial em Brasília.
A segunda parte do evento conta com a participação do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveirado gerente executivo de mudanças climáticas da Petrobras, Viviana Canhãodo vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad e Luiz de MendonçaCEO da Acelen Renováveis, discutem os caminhos para a transição energética no Brasil. A mediação é da editora executiva Thais Reis Oliveira.
Assista ao Capital Diálogos completo: