O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou contra as emendas impositivas e as emendas ao pix e defendeu que a prática dos parlamentares enviarem recursos para seus redutos deveria ser mais transparente.
A afirmação foi dada esta sexta-feira, 16, em entrevista ao Rádio Gaúcha. Lula está no Rio Grande do Sul para acompanhar a entrega de moradias às vítimas das históricas enchentes de maio, além de outros compromissos.
“Sou totalmente a favor do direito dos deputados apresentarem emendas, mas com transparência. É normal que um deputado, eleito pela sua cidade, tenha o direito de propor emendas para a realização de obras na sua região. Eu respeito e acho justo”, disse Lula. “O que não é aceitável é que o Congresso tenha emendas secretas. Eles não podem ser secretos.ele enfatizou.
O tema está sendo discutido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que atualmente analisa decisões do ministro Flávio Dino que visam estabelecer regras para que seja conhecido o destino exato da execução das emendas parlamentares. No momento, a Corte formou maioria para manter as determinações de Dino no caso.
Na entrevista desta sexta, Lula disse que há um “impasse” sobre o tema no Congresso:
“Por que alguém apresentaria uma emenda e não quereria que ela fosse divulgada se isso fosse feito para obter apoio político?” perguntou o petista. “Acho que esse impasse que está acontecendo é, possivelmente, o fator que permitirá a negociação com o Congresso Nacional e estabelecerá algo justo na relação entre o Congresso e o governo federal”.
Lula também defendeu que as emendas sejam compartilhadas, sendo encaminhadas à bancada. “É muito dinheiro para um deputado”, disse o petista.
A falta de critérios na distribuição das emendas parlamentares ganhou força nos últimos anos. Entre 2020 e 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o valor liberado no que ficou conhecido como “orçamento secreto” foi de 45 bilhões de reais.
No final de 2023, o próprio STF declarou que o orçamento secreto era inconstitucional. Porém, apesar da mudança de governo e da decisão do Supremo, a destinação de recursos sem critérios de transparência continua por meio de alterações de pix e imposições.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Pauloeste ano o governo pagou 7 bilhões de reais em emendas ao orçamento secreto que foram deixadas por Bolsonaro.
A decisão do STF, por si só, não proibiu o pagamento de recursos já comprometidos, mas determinou um prazo para que a destinação do dinheiro fosse explicada. O governo, porém, não forneceu detalhes sobre a finalidade dos pagamentos.
Segundo a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o governo apenas acatou a decisão do STF. O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional destacou que as obras seriam paralisadas caso os recursos não fossem liberados.