O primeiro dia de campanha eleitoral em São Paulo teve momentos de relativa apreensão no centro da cidade, já que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) escolheram a região para suas caminhadas iniciais.
No caso do emedebista, a marcha começou na Rua 15 de Novembro e terminou na prefeitura. A certa altura, a Polícia Militar teve que conter a marcha, gritando “seguro”. Depois, o ato continuou.
Quando interromperam o trajeto, os agentes tentavam dar a Boulos o tempo necessário para caminhar pela Praça do Patriarca, em direção à Praça da Sé. Não houve registro de confronto.
A campanha de Boulos começou em frente à sua casa, na zona sul da capital, com sua vice, Marta Suplicy (PT). Na ocasião, ele criticou Nunes e seu candidato a vice, o coronel Bolsonaro Mello Araújo (PL).
“Do outro lado está o time dos privilegiados, o Bolsonaro, o time que tem como vice-presidente um coronel que não gosta de pobre”, afirmou. “Nossos adversários têm a máquina, têm dinheiro e usam notícias falsas. Aqui está o time que representa a periferia e a justiça social, é o time do Lula, que tem a Marta como vice.”
Representante do PSB na disputa, Tabata Amaral iniciou a campanha em uma escola da Brasilândia, bairro da zona norte, criticando a gestão de Nunes. Ela esteve ao lado da sua deputada, Lúcia França (PSB).
“O que aconteceu nos últimos três anos não é normal [com a educação]”, disse Tabata. “Foi a capital que mais caiu na alfabetização, pior que durante a pandemia, pior que a média brasileira. Isso nunca aconteceu com São Paulo. É tão sério que nos perguntamos se não existem outras coisas que não sabemos.”
Segundo o deputado federal, houve “uma influência político-partidária muito forte na nomeação dos cargos de educação, muitas denúncias de corrupção, máfia de creches e cisão de contratos”.
O candidato do PSDB, José Luiz Datena, optou por deixar a capital no primeiro dia de campanha e foi para o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a 168 quilômetros de São Paulo. Na pauta, ele prometeu combater o crime organizado e disse que não permitiria interferências na política. “Já alertei sobre a política que financia os candidatos. Eles são até eleitos para cargos executivos.”
Postulante do PRTB, ex-treinador Pablo Marçal abriu a disputa na Cidade Tiradentes, zona leste da cidade, onde fez uma breve caminhada e tirou fotos com moradores. Mais tarde, foi até a Rua 25 de Março, famoso ponto comercial. “Não tenho experiência, mas gero mais empregos, mais impostos e ajudo mais pessoas”, afirmou.
No seu primeiro acto, Ricardo Nunes ironizou o slogan “faça o M”, de Marçal, e minimizou elogios de Jair Bolsonaro (PL) ao empresário.
“Não existe outro ‘M’ para a cidade que não seja o verdadeiro ‘M’”, afirmou o autarca, após missa na Catedral de Santo Amaro, na zona sul.
Disputa difícil
Pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 8 de agosto mostra que Nunes e Boulos continuam empatados tecnicamente. O emedebista tem 23% das intenções de voto, enquanto o psolista aparece com 22%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais.
Datena e Marçal brigam pelo terceiro lugar, com 14% cada. Em seguida estão Tabata e Marina Helena (Novo), com 7% e 4%, respectivamente.
Candidato do PCO, João Pimenta tem 2% das intenções de voto. Altino, do PSTU, foi citado por 1% dos entrevistados. Os que não souberam responder são 3%. Brancos e nulos somam 11%.