O presidente Lula (PT) aproveitou a visita ao Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira, 16, para rechaçar as críticas que recebe do setor agropecuário.
A declaração ocorreu durante a entrega de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, em Porto Alegre.
“Do que o agronegócio está reclamando? Porque a verdade é esta: nunca na história do Brasil o agronegócio teve o Plano Safra que o nosso governo teve”disse Lula.
O Plano Safra 2024/2025, lançado no início de julho, deverá destinar cerca de 400 bilhões de reais para financiar médios e grandes produtores rurais. Segundo o governo, é o maior plano da história, com valor 10% superior ao do ano passado.
“Duvido que mostrem que, em algum momento, alguém os tratou com a decência e o respeito que tratamos, eu e o [ex-presidenta] Dilma [Rousseff]. Nunca pedimos um favor e não pedirei. Deixe-os dizer o que quiserem, fazer o que quiserem. Eu ajudo porque a agricultura é importante para este país e para o mundo.”
Disputa entre Lula e Eduardo Leite
Também esteve presente no evento o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que já havia sido criticado por Lula em entrevista ao Rádio Gaúcha.
“Ele deveria, um dia, me agradecer: ‘Ei, Lula, obrigado por tratar o Rio Grande do Sul’. Basta ver se o [ex-presidente] Bolsonaro tratou o Rio Grande do Sul com respeito”, disse o petista.
Ao discursar no evento, o tucano disse que ouviu a entrevista e que, na verdade, a insatisfação se deve à dívida do estado com a União. Em maio, diante das enchentes históricas no RS, o governo federal decidiu suspender a dívida por três anos.
“O povo gaúcho não é ingrato, não é ingrato. Agradecemos o apoio recebido”, disse Leite. “O presidente tem um histórico no sindicalismo de exigir e negociar o melhor para sua categoria. Vamos agradecer pelo que foi feito, mas também exigir.”
Diante da declaração de Leite, Lula disse ao governador que não disputa popularidade. “Eduardo, quero que você saiba sempre que olhar para o governo federal que você tem um amigo. Não discuto nada com você, não discuto popularidade. Não sou gestor, sou político e gosto de fazer política.”
No evento desta sexta, o governador chegou a ser vaiado pelos presentes, gritando “fora, Leite”. Lula, por sua vez, disse que era “um convidado” e que “não é correto, num ato institucional, mostrar diferenças ideológicas”.
Na mesma linha, Leite defendeu que o diálogo deveria ser institucional. “Temos que trabalhar juntos em prol das mesmas pessoas, na mesma direção. Se acharmos que há caminhos diferentes aqui e ali, sentamos, conversamos, debatemos, discordamos, em reuniões privadas e públicas”, continuou. “É sempre importante mantermos esse respeito institucional. Se é para haver diferença, é na bola. Competimos pela bola, não corremos atrás uns dos outros.”