O secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, defende que o partido não se coíbe do debate movido por uma enxurrada de memes que atacam o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sua agenda fiscal.
A fórmula é prosaica: referências à cultura pop – cartazes de filmes, séries e álbuns, fotos de celebridades – acompanhadas de trocadilhos e brincadeira com a foto do ministro, aludem a um suposto apetite de Haddad e do Executivo por mais receitas.
Nas últimas semanas, uma profusão de montagens desse tipo foram produzidas e compartilhadas nas redes sociais e grupos de WhatsApp, muitas vezes por parlamentares e influenciadores alinhados ao bolsonarismo.
Em contato com CartaCapital, Tatto diz acreditar que a campanha baseada em memes não vai funcionar e atribuiu a onda negativa a um grito de ‘sonegadores de impostos’ contra a reforma tributária.
“Faz parte da disputa política do país, daqueles que sempre choram e sonegam impostos, diferentemente da população mais pobre e da classe média, que sempre pagou muitos impostos no Brasil e agora terá justiça tributária”, disse. “A alíquota padrão no Brasil era de 34%, vai cair para 26%. Haverá redução de impostos para todos. Então é por isso que eu acho que não gruda, não gruda.”
Dados da consultoria Arquimedes divulgados nesta quarta-feira, 17, pelo jornal O Globo mostram que foram mais de 9 milhões de menções a termos como “taxa” e “imposto” desde o início do ano nas redes Facebook, Instagram e X. Houve, porém, uma intensificação a partir de maio, em meio à aprovação de uma proposta que impunha alíquota de 20% nas compras internacionais de até 50 dólares.
Durante a aprovação do projeto regulatório da reforma tributária, na semana passada, houve um pico: foram cerca de 700 mil menções.
Questionado sobre a comunicação relativa às medidas de arrecadação apoiadas pelo governo, porém, o líder petista admitiu a necessidade de melhorias. “O PT melhorou muito a sua comunicação, mas estamos falando com a nossa base social. Falar com o povo brasileiro é [preciso] o governo, que tem peso, tem estrutura, tem orçamento.”
Diante desse cenário, foi feito um alerta entre os interlocutores governistas para evitar que uma cruzada contra Haddad interrompesse os sinais de evolução na aprovação popular do governo, ainda mais com as eleições municipais batendo à porta.
CartaCapital questionou a Secom sobre o planejamento de qualquer reação à campanha contra Haddad, mas ainda não recebeu retorno.
Enquanto isso, numa postura defensiva, influenciadores simpáticos ao governo quebram a cabeça tentando responder à enxurrada de postagens contra o ministro e, consequentemente, contra o presidente Lula e o governo como um todo.