O presidente Lula (PT) disse, na tarde desta terça-feira, 17, que ainda não é possível afirmar que os incêndios que atingem o Brasil são criminosos, mas que “há fortes indícios” nesse sentido. Lula mencionou que o cenário “cheira a oportunismo” de alguns setores querendo criar confusão no país.
“O que queremos é autorização para fazer investigações, fazer inquéritos, investigar, interrogar porque, honestamente, Se as pessoas estão cometendo este tipo de crime, a lei deve ser exercida em sua plenitude“, disse ele.
O presidente também reconheceu que o Brasil não estava totalmente preparado para lidar com a crise. “O que estamos percebendo, depois do Vale do Taquari [no Rio Grande do Sul]é que a natureza resolveu mostrar as garras”, acrescentou.
As falas foram durante a abertura da reunião emergencial com o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Pacheco reforçou a posição de Lula sobre a possibilidade dos incêndios serem criminosos. “Existe sim uma orquestração, mais ou menos organizada, que busca colocar fogo no Brasil. Portanto, todo foco imediato, em nossa opinião, deveria ser a contenção do incêndio e a determinação da responsabilidade de identificar e punir essas pessoas”, afirmou.
Participam também o Procurador-Geral da República, Paulo Goneto presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Herman Benjamimvice-presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Vital do Rêgo Filho, Marina SilvaMinistro do Meio Ambiente, e Nísia TrindadeSaúde.
Entenda a crise
O Brasil enfrenta um cenário grave de queimadas e incêndios florestais neste ano. De janeiro a agosto de 2024, os incêndios no país já atingiram 11,39 milhões de hectares do território, segundo dados do Monitor de Incêndios Mapbiomas, divulgados na semana passada.
Desse total, 5,65 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo somente no mês de agosto, o que equivale a 49% do total deste ano.
Na segunda-feira, 15, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, autorizou o governo federal a emitir créditos extraordinários fora dos limites fiscais para combate a incêndios.
O ministro também determinou medidas de combate aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, como contratação emergencial de brigadistas e ampliação da Força Nacional.
Mais cedo, nesta segunda-feira, o presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, cobrou seriedade do Judiciário no combate aos incêndios criminosos no país.
A onda de incêndios atingiu a capital do país nos últimos dias. Cerca de 3 mil hectares do Parque Nacional de Brasília, unidade de conservação do Cerrado nativo e abundante em nascentes de água, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), já foram consumidos pelo fogo.