O governo Lula (PT) vai destinar 514 milhões de reais em crédito extraordinário para ações emergenciais de combate às queimadas e à seca que assolam o país. A decisão ocorre depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, decidiu que as despesas para enfrentar os eventos climáticos deveriam ficar fora do limite de gastos.
O dinheiro será dividido entre vários ministérios e órgãos. Veja alguns exemplos:
- Ministério do Meio Ambiente: deverá reforçar o combate aos incêndios, especialmente a monitorização;
- Ibama e ICMBio: poderão comprar equipamentos e contratar mais bombeiros, veículos e aeronaves para combater incêndios;
- Ministério da Justiça: por meio da Polícia Federal, cobrirá despesas com equipes para investigações como incursões em campo, análise de imagens de satélite e perícias para identificação da origem dos incêndios;
- Ministério do Desenvolvimento Social: poderá adquirir 300 mil cestas básicas e 7 mil toneladas de alimentos de 2,6 mil agricultores familiares, para atender famílias da Região Norte.
O governo também determinará a reestruturação da Defesa Civil no prazo de 60 dias e a flexibilização do Fundo Amazônia, conforme anunciou o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) – a medida provisória entrará em vigor imediatamente, mas será válida ao Congresso Nacional para aprová-lo para que não perca seu efeito. A ideia é usar recursos do fundo para, por exemplo, adquirir mais aeronaves e kits de combate a incêndios florestais.
Costa também anunciou uma flexibilização das regras para contratações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Uma medida provisória sobre o tema chegará ao Congresso Nacional nos próximos dias.
Lula se reuniu nesta terça-feira, 17, com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Além de ministros, também estiveram presentes o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet; o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin; e o vice-presidente do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo Filho.
Os membros do governo também continuam pedindo penas mais duras para os criminosos ambientais, além da ampliação das sanções administrativas para infrações ambientais.
“Nos incêndios normais a pena é de três a seis anos e nos incêndios florestais. Um crime ambiental é de dois a quatro anos. Então, o que vamos procurar é pelo menos igualar”, disse Rui Costa. Ele afirmou que discutiu o assunto com a Procuradoria-Geral da República.
Na reunião desta terça, Lula declarou que havia suspeita de crimes na onda de incêndios florestais em todo o país. “O fato concreto é que, para mim, parece muito anormal.”
Rodrigo Pacheco disse, por sua vez, acreditar que há coordenação entre os incêndios. “É muito evidente que, dado esse contexto, o número de surtos, há, sim, uma orquestração, mais ou menos organizada, que pretende colocar fogo no Brasil.”
Arthur Lira afirmou que o país enfrenta “um problema iminente de organizações criminosas, inclusive provocando incêndios”.