O ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) enviou ofício à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), nesta terça-feira (20), ameaçando intervir no órgão regulador devido à demora na adoção de medidas que considera de “relevância estratégica” para o setor. O problema é que a lei não dá ao ministro o poder que ele imagina para adotar essas medidas.
De acordo com o artigo 3º da lei 13.848, não há relação de tutela ou mesmo subordinação entre o poder público e os diretores de agências reguladoras, que exercem cargos, após aprovação pelo Senado Federal, só podendo desocupar o cargo voluntariamente ou ao final do termo. sua menstruação. Essa Lei das Agências Reguladoras também prevê em seu artigo 14 que somente o Senado e o Tribunal de Contas da União (TCU) podem fiscalizar as agências reguladoras, consideradas órgãos do Estado e não órgãos governamentais.
O trabalho ameaçador de Silveira foi revelado em primeira mão pela jornalista Andreza Matais, em seu blog.
Por trás da irritação do ministro está sua discordância com o fato de não ter competência para substituir os diretores da Aneel, alguns indicados pelo então presidente Jair Bolsonaro e referendados pelo Senado, após sabatina.
É basicamente o mesmo grito do PT contra a permanência do economista Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, cumprindo seu mandato, após ser indicado por Bolsonaro e aprovado pelo Senado.
Silveira chega a dizer na carta agressiva que a intervenção seria justificada pela “omissão crônica na tomada de decisões por parte desta diretoria tem potencial para comprometer a eficiência” do setor energético.
Ele deu à agência cinco dias para se explicar e reiterou a ameaça. Segundo o colunista que revelou a carta, são os seguintes os atrasos que irritariam o ministro:
- Aprovação da nova governança e configuração de irregularidades no funcionamento da CCEE – o prazo para a Aneel realizar a homologação já ultrapassou os 90 dias.
- Divulgação do impacto tarifário percebido pelos consumidores – A Aneel teve dez dias para apresentar os impactos a partir de julho. Até agora, nada.
- Publicação das minutas dos Contratos de Energia de Reserva – CER – A Aneel deveria ter publicado as minutas até o dia 28 de julho, mas não o fez até hoje.
- Política de partilha de postes – A Aneel encerrou o processo que tratava do tema, com a concordância da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para começar tudo do zero.