Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, anulou todos os atos da Lava Jato contra o empresário luso-brasileiro Raul Schmidt Felippe Júnioralvo da operação por suspeita de pagamento de propina à Petrobras. O despacho foi assinado nesta sexta-feira, 20.
Na prática, o juiz ampliou os efeitos da decisão que beneficiou Marcelo Odebrecht. Em maio, a defesa de Schmidt, liderada pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, solicitou a declaração de nulidade absoluta de todos os atos da 13ª Vara Federal de Curitiba contra ele.
Entre outros pontos, os advogados alegam que o andamento da operação contra Schmidt apresentava “ilegalidades e violações semelhantes” às identificadas por Toffoli em relação à empreiteira. Apontaram também supostas manipulações do juiz Sergio Moro quanto à celeridade do processo e à competência para julgar o caso.
A defesa afirmou ainda, com base em diálogos obtidos pela Operação Spoofing, que a força-tarefa de Curitiba acessou indevidamente dados bancários de seus clientes e falou em “conluio” entre procuradores e juízes da Lava Jato.
Os argumentos foram acatados por Toffoli. O ministro do STF disse que “eram evidentes os bastidores da estratégia de aniquilar o devido processo legal por meio da produção e obtenção de provas à margem dos canais oficiais” e destacou que essa ação teria corroído os alicerces do processo penal no Brasil.
“Esta vasta coleção indica que a parcialidade dos juízes federais Sérgio Fernando Moro e Gabriela Hardt ultrapassou todos os limitesporque os constantes ajustes e combinações feitos entre os referidos magistrados e o Ministério Público acima referido representam verdadeiro conluio que inviabiliza o exercício do contraditório e da ampla defesa”, escreveu.
Raul Schmidt foi detido em Lisboa em 2016. Na altura, os agentes policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na sua casa e apreenderam obras de arte e documentos. Foi acusado de ser operador financeiro ao pagar subornos a ex-administradores da Petrobras e foi libertado pelo Tribunal da Relação de Lisboa em 2018.
O empresário foi denunciado pelo Ministério Público Federal por supostamente pagar propina ao ex-diretor Jorge Luiz Zelada, mas acabou absolvido pelo juiz Eduardo Appio, sucessor de Moro na 13ª Vara.
O magistrado entendeu que os dados bancários de Schmidt foram obtidos de forma ilegal. O empresário, porém, ainda respondia por outros dois casos: um de 2016, em que é investigado por organização criminosa, e outro de 2018, por lavagem de dinheiro.
Leia a decisão de Toffoli:
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