A mais recente pesquisa AtlasIntel, divulgada nesta quarta-feira, 21, mostra uma mudança significativa nos rumos da disputa para prefeito de São Paulo. O técnico Pablo Marçal (PRTB) se separou do trio de candidatos empatados tecnicamente ao terceiro lugar, consolidando-se como força emergente na disputa.
Na pesquisa anterior, de 8 de agosto, Marçal apareceu empatado em terceiro lugar com o deputado Tabata Amaral (PSB) e o apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 11,4% das intenções de voto. Agora, o empresário atingiu 16,3% das intenções de voto, um salto de 4,9 pontos percentuais.
A subida coincide com uma descida dos seus principais concorrentes. Guilherme Boulos (PSOL), que liderava com 32,7%, caiu 4,2 pontos percentuais, enquanto Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito e candidato à reeleição, caiu de 24,9% para 21,8%, queda de 3,1 pontos percentuais.
Yuri Sanchez, chefe de Risco Político da AtlasIntel, aponta o caos do bolsonarismo e a desordem dos debates eleitorais como os principais fatores que explicam a rápida ascensão de Marçal.
Nunes, que inicialmente resistiu ao apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acabou se aproximando do bolsonarismo no início da campanha, ao indicar um vice indicado pelo ex-capitão. A manobra, porém, parece ter atraído menos apoio de Bolsonaro do que o esperado – o que favorece o crescimento de Marçal.
“Inicialmente, essa estratégia funcionou e manteve Pablo Marçal na margem de 12% dos votos”, explica Yuri. Porém, as primeiras pesquisas deram o alarme para Nunes, mostrando a capacidade de canibalizar os votos do atual prefeito.
É também neste momento que o movimento dos debates televisivos entra na equação.
Marçal se destacou pelas críticas a Nunes e Boulos, o que gerou forte repercussão nas redes sociais. Na avaliação de Sanchez, esta postura agressiva ajudou Marçal a ganhar a simpatia dos eleitores identificados com o bolsonarismo – uma vantagem que Nunes não conseguiu reverter completamente.
“O Nunes é um político tradicional, um burocrata, não tem esse carisma específico. Já Pablo Marçal é um outsider, alguém de fora da política, identificado como antissistema”, comenta Sanchez. Uma adesão mais explícita às diretrizes morais do bolsonarismo também pesa a favor do treinador.
Os efeitos dos debates não se restringem ao momento ao vivo, mas são amplificados nas redes sociais nos dias seguintes. Segundo Sanchez, os debates também têm o papel de confundir ainda mais os eleitores paulistas. Além de ganhar relevância, Marçal também conseguiu aumentar a rejeição de outros candidatos. “Quando analisamos os cenários de segundo turno apresentados pela pesquisa, observamos um aumento significativo no número de eleitores indecisos.”
Além disso, Marçal recebeu elogios indiretos de Bolsonaro, o que pode ter reforçado a sua imagem como legítimo representante da extrema direita. Embora Bolsonaro tenha declarado apoio oficial a Ricardo Nunes, o estrago já estava feito.
Na pesquisa anterior, Marçal teve 25% dos votos do eleitorado bolsonarista, enquanto Nunes obteve 55%. Agora, Marçal aumentou esta quota para 42%, enquanto Nunes caiu para 39%.
Para o especialista da AtlasIntel, Marçal ainda pode crescer ainda mais em pesquisas. “Marçal é uma verdadeira ameaça para Ricardo Nunes na disputa por uma vaga no segundo turno. Nunes terá que fazer algo que vinha evitando: trazer Bolsonaro mais ativamente para sua campanha. Ele vai precisar do ex-presidente para estancar a perda de votos para Marçal”, finaliza Sanchez.