O assessor especial para assuntos internacionais do presidente Lula (PT), o ex-chanceler Celso Amorim, chegou no início da noite desta sexta-feira, 26, a Caracas, onde acompanhará as eleições presidenciais venezuelanas, marcadas para domingo, 28.
A semana que antecedeu as eleições foi marcada por atritos entre Nicolás Maduro, que busca o seu terceiro mandato, e líderes políticos sul-americanos, incluindo Lula. As divergências ganharam força quando o chavista declarou, em comício, que haveria um “banho de sangue” em caso de vitória do candidato da oposição Edmundo González.
“Queremos contribuir para uma solução que permita, em suma, que as eleições sejam corretas”, disse o ex-ministro ao CartaCapital Na quinta feira. “Isso não depende de nós, mas a presença tem um significado simbólico do interesse do Brasil – não para interferir nos negócios da Venezuela, mas para trazer a Venezuela de volta à integração sul-americana.”
Questionado se há indícios concretos de que o resultado de domingo será respeitado, independentemente de quem vença, Amorim manifesta confiança. “Claro. Espero contar também com a cooperação dessas entidades com as quais já temos contato, principalmente o Carter Center.”
Criado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter, o centro que leva seu nome é conhecido por promover a paz e os direitos humanos por meio da observação e mediação de processos eleitorais em todo o mundo. Em relação à Venezuela, esclareceu que “não realizará uma avaliação abrangente dos processos de votação, contagem e apuramento”, dedicando-se a monitorizar o funcionamento “da estrutura jurídica nacional, bem como das obrigações e normas regionais e internacionais de direitos humanos”. ”.
Embora Amorim tenha conseguido desembarcar, o dia foi tenso para outros potenciais observadores. As autoridades venezuelanas proibiram a entrada no aeroporto da capital a uma delegação do Partido Popular espanhol, composta por 10 deputados, senadores e membros do Parlamento Europeu. A informação foi divulgada pelo líder do partido, Alberto Núñez Feijóo.
Além disso, segundo o governo panamiano, a Venezuela impediu que um grupo de ex-presidentes latino-americanos viajasse para Caracas, onde pretendiam observar as eleições. Na lista estão Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México) e Mireya Moscoso (Panamá), todos membros da Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas.