Para o ministro da Previdência, Carlos Lupi, uma nova reforma previdenciária não deve sair tão cedo. Em entrevista ao programa ‘Bom dia, Ministro‘, do Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)nesta quinta-feira, 26, ele se disse “radicalmente contra” a ideia.
Segundo Lupi, uma nova reforma no sistema previdenciário brasileiro tiraria direitos dos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Falamos de reforma previdenciária só para tirar direitos. Sou radicalmente contra”destacou o ministro. “Querer tirar de quem já tem pouco é, no mínimo, desumano. Então, o que temos que fazer é melhorar a arrecadação e diminuir as isenções, que são, no meu ponto de vista, criminosas”, criticou Lupi.
A última reforma promovida no país foi em 2019. Entre outros pontos, a reforma estabeleceu idades mínimas de aposentadoria – 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres -, ampliou o período mínimo de contribuição e criou regras de transição mais rígidas para os contribuintes.
Apesar da aprovação, diversos trechos da emenda constitucional foram questionados no Supremo Tribunal Federal (STF). Em números totais, a Corte tem mais de quinze ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) a serem apreciadas. Uma das ações mais importantes a serem analisadas é a que busca restabelecer a contribuição linear de 11% para todos os empregados, independentemente de seus salários.
O déficit da seguridade social é uma realidade nas contas públicas do país. Segundo estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a receita da Previdência Social em 2023 atingiu 1,17 trilhão de reais, mas o valor representa apenas 73,3% do total das despesas previdenciárias e assistenciais. O déficit no ano passado foi de 429 bilhões de reais.
Estimulado pelos agentes de mercado, o debate sobre uma nova reforma previdenciária começou a ganhar força nas últimas semanas. Dado que as eleições municipais serão realizadas no próximo mês, o tema, caso seja avançado, poderá integrar a agenda do Congresso a partir do próximo ano.
Tributação e isenção
Recentemente, o Congresso aprovou uma nova legislação sobre redução de impostos sobre a folha de pagamento. Segundo o texto, o benefício às empresas continuará até o final do ano, mas depois haverá um aumento gradual em dezessete setores da economia e municípios com população de 156,2 mil habitantes.
Sobre o tema, Lupi defendeu a necessidade de “ir atrás dos grandes sonegadores”. “Acho que a Segurança Social tem que ser mais eficiente. Precisamos melhorar a arrecadação cobrando de quem não paga. As isenções indevidas devem acabar. Muitos grandes empresários brasileiros não pagam nada à Previdência Social. Eles simplesmente fogem”indicou Lupi.
Na entrevista de hoje, Lupi reconheceu que “ninguém gosta de ser tributado”, mas questionou: “como sobreviverão as pensões se não houver rendimentos?”. Na opinião do ministro, o país tem “muitos grandes grupos económicos que não pagam nada à Segurança Social”.